Gilberto Costa*
Correspondente da EBC
Lisboa – Um grupo de 20 pessoas, entre professores e alunos de mestrado da área de educação da Universidade de Caxias do Sul (RS) participa até amanhã (1º) do seminário internacional Pensar a Educação e Perspectiva Comparada Portugal Brasil; promovido pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
O seminário discute a educação de jovens e adultos; a formação de professores; a avaliação educacional; as mudanças curriculares; o uso de tecnologias de informação e comunicação; além da história comparada.
Apesar da língua em comum e da antiga relação de colônia e metrópole, Brasil e Portugal não exerceram entre si grande influência na concepção de modelos educacionais. De acordo com o historiador português Joaquim Pinto Silva (especializado em educação), os dois países tiveram “pouca interlocução direta”, porém têm referências internacionais próximas entre pedagogos suíços, belgas, espanhóis e norte-americanos.
Segundo o historiador português da educação, Justino Magalhães, o que acontecia na educação dos Estados Unidos e na do Brasil no início do século 20 chamava a atenção das elites portuguesas, que “ficaram inquietas com a dinâmica de adesão aos modelos de desenvolvimento e de cientificidade; ao positivismo filosófico”; que tiveram contato em impressos e revistas do Brasil.
A situação da educação - nível de escolaridade e qualidade do ensino - em Portugal é superior à do Brasil, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (Pisa 2009), aplicado pela OCDE, mostra que os estudantes portugueses apresentam mais habilidades e competências do que os brasileiros em testes de leitura e interpretação; cálculo matemático e ciências.
No ranking do desempenho educacional e da situação econômica, o Brasil totaliza 412 pontos enquanto Portugal tem 489. A média da OCDE é 493 pontos e os países mais bem colocados foram a China (Xangai), a Coreia e a Finlândia, que totalizaram mais de 536 pontos.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 49,3% da população brasileira com 25 anos de idade ou mais não haviam concluído o ensino fundamental em 2010. O percentual da população portuguesa que não tinha qualquer nível de escolaridade completa em 2011 era 8,6%, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Magalhães pondera que apesar da diferença entre os dos países também “há arcaísmos do lado português”, quando comparado com outros países da Europa. Para ele, não é possível fazer comparações diretas sem “circunstanciá-las”.
“Os indicadores têm que ser trabalhados dentro de cada contexto de modernização. O Brasil tem grande diversidade cultural; uma impressionante espiral de riqueza e também uma difícil situação com a pobreza”, lembra.
A pesquisadora brasileira Nilda Stecanela, coordenadora da delegação da Universidade de Caxias do Sul na Universidade de Lisboa, assinala que há desafios em comum como o ensino em época de alta tecnologia acessível aos alunos. “As escolas de hoje foram criadas por una sociedade que já não existe nais”.
A viagem dos alunos e professores da Universidade de Caxias do Sul - que tem estatuto jurídico de universidade comunitária - a Portugal foi pago por eles próprios. “É um investimento. Podemos conhecer melhor o nosso país vendo-o de fora e trocando experiências com pesquisadores de outros lugares”, disse Nilda.
Edição: Tereza Barbosa
*Colaborou Amanda Cieglinski, do Portal EBC
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