Renata Giraldi e Carolina Gonçalves
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A relevância da questão ambiental e do desenvolvimento sustentável para o Brasil pesou na escolha da presidenta Dilma Rousseff ao indicar Luiz Alberto Figueiredo Machado, de 57 anos, e André Aranha Corrêa do Lago, de 52 anos, como os novos representantes brasileiros na Organização das Nações Unidas (ONU). Eles substituem Maria Luiza Viotti e Regina Dunlop.
Figueiredo e Corrêa do Lago se destacaram nas últimas décadas nas negociações ambientais e de energia, mas foi na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho no Rio de Janeiro, que ambos demonstraram habilidade, paciência e espírito conciliador ao promover o consenso de países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Trabalhando em parceria, os dois embaixadores se dividiram em várias frentes de atuação durante a conferência. Ambos buscaram soluções para os impasses, com diálogo e equilíbrio. Os desafios eram adequar as cobranças dos países em desenvolvimento, que queriam mais empenho financeiro e a fixação de metas dos mais desenvolvidos.
As nações desenvolvidas, por sua vez, resistiam em assumir compromissos principalmente financeiros, alegando os efeitos da crise econômica internacional. Figueiredo e Corrêa do Lago coordenaram as reuniões técnicas em busca de consenso e acabaram obtendo o aval dos participantes para elaborar a declaração comum.
O documento conjunto divulgado ao final da Rio+20 englobou posições de mais de 190 nações. Para a delegação brasileira, o texto é um avanço, embora as organizações não governamentais digam que faltou ousadia.
Na Rio+20, Figueiredo e Corrêa do Lago conseguiram multiplicar as horas do dia participando das principais mesas de discussões, concedendo entrevistas coletivas e ainda apaziguando as divergências. Bem-humorados, eles respondiam às perguntas embaraçosas sem provocar mal-estar ou incômodo.
Na ONU, ambos terão vários desafios a enfrentar. Principal órgão internacional de negociações multilaterais, a ONU também obriga que os representantes das delegações firmem acordos bilaterais e específicos. Assuntos como paz, segurança e meio ambiente são apenas alguns dos vários que estão em debate constantemente no órgão.
A sede em Nova York engloba a presidência, a secretaria-geral do órgão e o Conselho de Segurança. Porém, ainda há espaços de discussão e definições em Viena (Áustria), Genebra (Suíça), Nairóbi (Quênia) e Haia (Países Baixos).
A diplomacia brasileira costuma ser elogiada por se caracterizar pela construção de consensos, pelo fim das polarizações e pela manutenção constante de diálogos e acordos. Nos últimos anos, as questões relativas à defesa de direitos humanos ganharam mais força para a delegação brasileira, que ressalta a importância de preservação, manutenção e defesa desses princípios.
Edição: Tereza Barbosa