Mudanças nas regras do hífen são um atraso de vida, diz professora

21/12/2012 - 13h48


Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Um acordo desnecessário e complicado. É assim que a professora de língua portuguesa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Darcília Simões, descreve o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Um dos principais problemas criados pelo novo acordo, segundo a professora, foi a mudança das regras de uso do hífen. Para ela, essa foi a regra, justamente na qual “eles complicaram tudo”, já que tiraram alguns que existiam e criaram outros que não havia.

“Hoje em dia, ninguém mais sabe usar hífen. Do ponto de vista prático do usuário, essa reforma foi um problema. Isso está criando um atraso de vida no ambiente do falante comum e pior ficou para quem dá aula de língua portuguesa”.

Darcília diz que o novo acordo teve motivações políticas e econômicas, em vez de ter como objetivo facilitar a vida do usuário da língua. Para ele, o que houve foi um confronto de força entre Brasil e Portugal, “cada um dizendo eu quero que você escreva como eu”.

“No final das contas, fizeram os acertos para dar nisso que deu. Há também as forças econômicas, porque você sabe que as editoras vão ganhar sempre com a republicação das obras segundo o novo acordo”, lembrou.

De acordo com a professora, o “pretenso” objetivo de também unificar a escrita dos oito países tampouco foi atingido. Entre outras coisas, as palavras com letras mudas (como “fato” no Brasil e “facto” em Portugal, por exemplo), segundo Darcília, continuarão sendo escritas de forma diferente nos dois países.

Edição: Tereza Barbosa