Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As atividades ligadas ao setor do turismo tiveram um crescimento acima da média da economia entre os anos de 2003 e 2009, revela o estudo Economia do Turismo: Uma Perspectiva Macroeconômica, divulgado hoje (10), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na série histórica, iniciada em 2003, o aumento real (descontada a inflação) das atividades vinculadas ao turismo foi 32,4%, contra expansão de 24,6% do total da economia.
“Isso tem a ver com as atividades de serviços porque, de modo geral, foi o grupo que mais cresceu”, disse à Agência Brasil um dos autores do estudo, o economista Ricardo Moraes, da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE.
Moraes destacou que, entre os anos de 2008 e 2009, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,3%, em função da crise financeira internacional, as atividades características do turismo mostraram um bom desempenho. “[Elas] se comportaram bem em época de crise.” O crescimento registrado foi 4,6%, gerando renda (valor adicionado) de cerca de R$ 103,7 bilhões, “apesar de ser um ano em que a economia não cresceu”. Isso correspondeu a 3,7% do valor adicionado bruto total da economia.
Os rendimentos pagos em 2009 pelo setor do turismo, englobando salários e outras remunerações, somaram R$ 48,8 bilhões, o que corresponde a 4,8% do total do setor de serviços e 3,5% das remunerações da economia brasileira. De acordo com o estudo do IBGE, o crescimento nominal, sem descontar a inflação, apurado desde 2003, foi 117,7%. Em contrapartida, o crescimento das atividades gerais da economia alcançou 110,3% no período.
Considerando-se a remuneração média anual, as atividades referentes ao turismo pagaram R$ 8,3 mil, por ocupação, em 2009. Houve incremento de 96,9% em termos nominais, em relação a 2003, enquanto para o total da economia a remuneração média por ocupação evoluiu 68,6% na mesma comparação. Os maiores rendimentos médios foram registrados no transporte aéreo (R$ 74,2 mil) e ferroviário (R$ 43,6 mil), enquanto a menor remuneração média anual ficou com os serviços de alimentação (R$ 4,7 mil).
O estudo mostra que a atividade do turismo gerou 5,9 milhões de ocupações em 2009, superando em 10,5% o número de empregos em 2003 no setor. Em comparação a 2008, o incremento observado atingiu 1,3%. “Considerando que foi um ano de crise, o resultado não foi dos piores”, salientou o economista Ricardo Moraes. As ocupações criadas pelas atividades turísticas representaram 9,9% dos empregos do setor de serviços em 2009. Considerando o total da economia, esse percentual é 6,1%.
No mesmo ano, os serviços de alimentação lideraram as ocupações entre as atividades características do turismo, com 3 milhões de postos de trabalho, ou o equivalente a 50,7%. Em seguida, aparecem o transporte rodoviário, com 1,062 milhão de empregos (17,95%), e atividades recreativas, culturais e desportivas (16,97%), com 1 milhão de empregos.
Segundo o estudo, também foram os serviços de alimentação que tiveram a maior participação na renda gerada no setor do turismo em 2009: 37,4%, com R$ 38,8 bilhões. Moraes ressaltou, porém, que boa parte dessa produção de serviços de alimentação se destina a pessoas que não turistas. “São os residentes, que vão a restaurantes normalmente. Por isso, ela tem um peso tão grande, porque é a maior atividade entre as listadas.”
Depois dos serviços de alimentação, vêm as atividades recreativas, culturais e desportivas, com R$ 18,6 bilhões e participação de 17,9%, e o transporte rodoviário, com R$ 18 bilhões e participação de 17,4%. O pesquisador do IBGE citou ainda os serviços de alojamento (7,14%), transporte aéreo (4,78%) e agências organizadoras de viagens (2,73%) entre as atividades com participação na renda gerada pelo setor do turismo em 2009.
Edição: Juliana Andrade