Três das nove cidades da Baixada Santista podem ter segundo turno nas eleições deste ano

05/10/2012 - 10h06


Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Das nove cidades da região metropolitana da Baixada Santista, três têm possibilidade de eleger seus prefeitos no segundo turno: Santos (329.640 eleitores), São Vicente (250.125 eleitores) e Guarujá (219.211 eleitores). Os municípios de Praia Grande, Mongaguá, Itanhaem, Peruíbe, Cubatão e Bertioga, que têm menos de 200 mil eleitores, conhecerão serão seus novos administradores já no primeiro turno.

Em Santos, a cidade mais importante da região, com 419.530 habitantes, Produto Interno Bruto de R$ 22,546 milhões, renda per capita de R$ 54.054,76, e sede do principal porto do país, a expectativa era a de que a descoberta de óleo na camada pré-sal, em 2007, começasse imediatamente a impulsionar a economia da cidade, já que foi escolhida pela Petrobras como local onde ficará a sede central de controle das operações da Bacia de Santos.

Mas, segundo o diretor do Sindicato da Habitação (Secovi) em Santos, Renato Monteiro, o que o mercado imobiliário do município está experimentando é igual ao que ocorre no restante do país, em razão da economia mais equilibrada. Monteiro ressaltou que o pré-sal ainda é uma perspectiva. “Há uma porção de variáveis que interferem na questão do pré-sal. Por isso, não é um negócio que vai começar amanhã. O pré-sal vai causar reflexos na região, mas o que enfrentamos do ponto de vista real foram lançamentos de edifícios de escritório no ano passado e retrasado”.

O diretor do Secovi explicou que, pelo fato de a região ter ficado muitos anos com números negativos no setor habitacional e ter vivido um período de rejeição até por parte dos veranistas, houve um grande represamento dos negócios. “Quando começou a ter negócio, de 2005 para cá, o volume de pessoas com necessidade de compra de padrão médio e alto era muito grande. Com isso, tudo o que havia disponível foi absorvido, mas a demanda continuou. Por isso os preços subiram”.

O diretor de Infraestrutura do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Julio Diaz, explicou que o movimento para chamar a atenção das indústrias sobre as demandas que o pré-sal vai gerar já começou na entidade. A ideia é conversar com as indústrias para mostrar o potencial de negócios em torno do pré-sal. “ O setor envolve uma gama muito grande da indústria e isso terá muito impacto. O desenvolvimento de Santos será muito grande no sentido da entrada de novos players no mercado. A indústria está se preparando para ser fornecedora para todo o sistema do pré-sal”.

Para o consultor de gestão empresarial santista Paulo Queija, as áreas que devem registrar maior crescimento são justamente a indústria, serviços, hotelaria, turismo, escritórios virtuais e tudo o que dará apoio aos funcionários da Petrobras que sejam deslocados para a cidade a fim de ocupar duas torres que estão sendo construídas pela empresa no município. “Santos foi uma das cidades que menos cresceu nos últimos dez anos em termos de população. Com esse processo, que está acontecendo, deve ser uma das que mais vão crescer”.

Queija destacou que há um risco de a demanda por profissionais em diversas áreas não ser atendida pela mão de obra da cidade, já que Santos ainda é um município do qual grande número de pessoas viaja todos os dias para trabalhar em São Paulo. “Vai começar a haver uma inversão do processo porque, em São Paulo, há muita gente qualificada, e Santos vai precisar. Os salários vão ter que ser aumentados e isso vai atrair as pessoas”.

O coordenador pedagógico da Faculdade Unimonte, Edson Florentino José, explicou que, com a possibilidade do pré-sal, foi feita uma avaliação para descobrir quais as vocações da região e a conclusão foi a necessário de priorizar a formação e a capacitação de mão de obra para as atividades que envolvem a cadeia produtiva do setor. “Não é só a atividade fim, que é a exploração do gás e do petróleo, temos que compreender que existe toda uma cadeia produtiva. Nos voltamos para melhorar os cursos que já temos e criar outros que estejam vinculados a essa atividade”.

Mas, segundo ele, apesar de o assunto já ser comum na sociedade santista, a população ainda não se conscientizou e nem se movimentou o suficiente para começar a buscar qualificação a fim de acompanhar as necessidades que devem ser geradas pelo pré-sal. “A procura pelos cursos já começou a aumentar, mas ainda muito voltada apenas para a atividade fim, enquanto haverá outras com tanta ou mais demanda de profissionais. O que vai gerar maior movimento são as outras áreas que darão suporte”, disse.

Edição: Aécio Amado