Da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O navio polar Almirante Maximiano, da Marinha do Brasil, partirá amanhã (6) da Ilha das Cobras, no centro do Rio de Janeiro, para dar início à 31ª Operação Antártica (Operantar), no Continente Antártico. É a primeira vez que militares e pesquisadores voltam ao continente para desenvolver trabalhos na Estação Comandante Ferraz, incendiada em fevereiro deste ano.
Segundo a Marinha, o "Tio Max", como é chamado o navio, apoiará projetos de ciência e tecnologia, realizando sondagens e levantamentos oceanográficos que se iniciam no Continente Sul-Americano e vão até a Antártica. A embarcação realizará também a manutenção dos abrigos situados nas ilhas daquele continente.
Para realizar a operação, o navio, que foi incorporado à Marinha em fevereiro de 2009, tem um guincho oceanográfico capaz de recolher amostras de água em profundidades de até 8 mil metros, cinco laboratórios e uma estação meteorológica.
Ele tem ainda um sistema de posicionamento dinâmico que permite a embarcação manter-se imóvel em determinada latitude de corrente marinha, além de um equipamento chamado perfilador, que permite obter um perfil da corrente ao longo da coluna de água, de sedimentos do subsolo marinho.
A embarcação conta com quatro botes infláveis, dois helicópteros orgânicos e um guincho geológico – capaz de coletar amostras do assoalho marinho em profundidades de até 10 mil metros.
A expedição faz parte do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), que teve início em 1982, com a aquisição do já desativado navio de apoio oceanográfico Barão de Teffé. Desde então, o Brasil mantém presença constante no continente por meio da Estação Antártica Comandante Ferraz.
A Operantar contará com 81 militares e 32 pesquisadores que voltam ao continente oito meses depois do incêndio na estação. Em virtude da destruição, módulos antárticos emergenciais serão instalados na Ilha Rei George e começarão a operar em fevereiro do ano que vem, para dar continuidade ao programa de pesquisas no continente gelado. Os módulos serão usados até que uma nova unidade seja construída para substituir a incendiada.
A estação provisória terá capacidade para abrigar 65 pessoas e contará com dormitórios, banheiros, refeitórios, cozinha, laboratórios, enfermaria, geradores, além de estações de tratamento de esgoto e área de armazenamento de resíduos sólidos. Os módulos têm parede externa composta por PVC, que resiste à ação de raios ultravioleta, e podem suportar ventos de 200 quilômetros por hora.
Ao mesmo tempo em que os módulos começam a ser instalados, também se iniciam os trabalhos de remoção dos escombros da estação incendiada, cuja conclusão está prevista para março do ano que vem. O desmonte dos destroços será feito pelo Arsenal da Marinha e pelos fuzileiros navais, com o apoio de navio mercante alugado pelo governo brasileiro.
Após o incêndio, veículos e tratores que sofreram poucos danos foram trazidos ao Brasil para reparo e os demais permaneceram no local cobertos com capas protetoras para enfrentar o inverno. Em março e abril, também foi feita a retirada de parte dos escombros, com prioridade para resíduos tóxicos e material perecível.
Ao todo, o Brasil desenvolve 23 projetos de pesquisa científica na Antártica, de observação atmosférica, geológica, ciências biológicas, monitoramento ambiental de baleias e algas, monitoramento climático e o Projeto Criosfera (um subsistema terrestre), que se desenvolve dentro continente.
Edição: Lana Cristina