Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A relatora especial do Gabinete do Alto Comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas, a nigeriana Joy Ngozi Ezeilo, alertou que o tráfico de pessoas permanece em alta no mundo e que as principais vítimas são mulheres e crianças. Mas tem ocorrido um registro elevado de casos de tráfico de homens para trabalhos forçados. Para a relatora, o combate ao problema deve associar ações públicas e privadas e garantir mais proteção às vítimas.
“Os governos têm de fazer mais. Não podemos criminalizar as pessoas traficadas, porque elas são vítimas. Precisamos garantir que tenham acesso a serviços apropriados, a abrigo, à assistência psicológica e social, à saúde e até a uma oportunidade para trabalhar.”
A relatora concedeu entrevista à Lusa, agência de notícias de Portugal. Ela lembrou que há várias formas de tráfico de seres humanos, com fins que vão desde a exploração sexual e a prostituição a trabalhos forçados e à retirada de órgãos para venda ilegal. “A identificação, proteção e assistência às vítimas de tráfico têm registrado falhas enormes”, disse ela, acrescentando que a responsabilidade “é de todos”.
Segundo a relatora, nos últimos anos têm havido aumento de vítimas também entre os homens, embora as mulheres e crianças ainda permaneçam como os principais alvos. "Até agora não pensávamos nos homens como vítimas de tráfico. Os homens são traficados para companhias de construção, pescas, agricultura e horticultura.”
Joy Ngozi Ezeilo ressaltou que é fundamental “criminalizar o tráfico de pessoas” e reiterou que há um protocolo nas Nações Unidas em que 140 países defendem a medida. Segundo ela, a “grande escala” do tráfico de pessoas envolve vários fatores, como as condições de vida nos países de origem das pessoas traficadas e a ausência de oportunidades de trabalho.
“O tráfico é uma ameaça real e significativa. Os governos deveriam aumentar o combate, mas deveríamos também desenvolver parcerias público-privadas. O tráfico não conhece fronteiras e os governos não conseguem combatê-lo sozinhos, é preciso envolver empresas, comunicação social e organizações da sociedade civil”, sustenta Joy Ngozi Ezeilo.
*Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa //
Edição: Juliana Andrade