Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A Petrobras mantém a disposição de viabilizar o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), maior projeto da companhia no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no município de Itaboraí, região metropolitana do Rio. Inicialmente previsto para entrar em operação em 2014, o projeto está com as obras atrasadas e mais recentemente foi afetado pelo baixo preço do shale gas nos Estados Unidos, como é conhecido no mercado o gás de xisto.
Isso tem levantado dúvidas sobre a manutenção de investimento da principal parceira no complexo, a Braskem, da qual a estatal tem 25% de participação acionária. Apesar de reconhecer as dificuldades causadas pela diminuição do preço do shale gas americano, a presidenta da Petrobras, Graça Foster, garantiu hoje (20) que a companhia buscará viabilizar o Comperj em sua totalidade.
“O complexo é um projeto integrado. São dois trens [unidades de produção], uma refinaria e uma planta petroquímica. Ele faz sentido econômico quanto é tratado de forma integrada. Nós saberemos buscar racionalidade da formação do preço do gás [de petróleo] para viabilizar o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro”, disse, após participar do encerramento da 30ª Rio Oil & Gás, feira que reuniu 1.300 empresas do setor, no Riocentro.
O gás, seja de petróleo ou de xisto, é a principal matéria-prima para a fabricação de componentes básicos da indústria petroquímica. Graça reconheceu que o produto americano oferece um preço muito atraente para as empresas, que podem acabar direcionando investimentos para os Estados Unidos.
“O shale gas americano realmente tem colocado gás no mercado a preços que são imbatíveis. Se ele persiste em volumes significativos e por longos prazos, realmente é capaz de atrair a indústria química e petroquímica de uma forma bastante intensa. Agora, a Petrobras é uma empresa integrada de energia. Nós temos necessidade premente desses dois trens de refino e faz todo sentido concluirmos o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro”, declarou.
A presidenta da Petrobras disse ainda que serão buscadas saídas para o Comperj, agregando esforços com o governo brasileiro, em uma visão mais ampla, de política industrial. “Saberemos, nós e o governo brasileiro, porque isso aí também tem que chegar ao governo, uma política industrial, para que juntos, nós e a Braskem, o nosso braço petroquímico, chegar a uma solução. Vamos trabalhar forte e firme para manter o complexo como ele foi pensado e concebido”, ressaltou.
O Comperj marca o retorno da companhia ao mercado petroquímico. As duas unidades de refino estão projetadas para processar 165 mil barris por dia de óleo pesado cada uma. O complexo foi projetado para abrigar a refinaria, unidades geradoras de produtos petroquímicos de primeira geração (propeno, butiadeno, benzeno) e de segunda geração (estireno, polietileno, polipropileno).
Também está prevista a instalação de indústrias de terceira geração no entorno, responsáveis por transformar esses produtos em bens de consumo finais. O investimento no Comperj é estimado em torno de US$ 8,4 bilhões, cerca de R$ 17 bilhões.
Edição: Aécio Amado