Guilherme Jeronymo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O filme O Palhaço, dirigido por Selton Mello, será o representante brasileiro na disputa a uma vaga para concorrer ao prêmio de melhor filme estrangeiro do Oscar 2013, nos Estados Unidos. A escolha foi feita hoje (20) por uma comissão especial que se reuniu na representação regional do Ministério da Cultura, na capital fluminense.
A decisão foi consensual entre os seis membros presentes da comissão, que considerou critérios artísticos e da capacidade de distribuição e promoção do filme no exterior. “Passamos por três horas de discussões e, consensualmente, esta comissão escolheu O Palhaço, da Bananeira Filmes, dirigido pelo Selton Mello, como representante brasileiro no Oscar 2013”, informou a secretária do Audiovisual, Ana Paula Santana.
O filme, uma co-produção entre a Bananeira Filmes e a Globo Filmes, levou 1,4 milhão de pessoas às salas de cinema, arrecadando, no Brasil, R$ 13,4 milhões, segundo a Imagem Filmes, empresa responsável por sua distribuição. Os bons resultados comerciais, em um filme considerado pela crítica como autoral, tiveram peso na escolha.
“Do conjunto de filmes é o que alia a parte cinematográfica e a parte de negócios de sucesso. Saber o que o americano vai querer ver e gostar daqui a seis meses é difícil. A gente procurou escolher o melhor filme, apresentado ao mercado brasileiro e com potencial de mercado internacional. O filme tem potencial de exibir internacionalmente? Tem. Então, ele pode concorrer ao Oscar”, disse o sócio da Academia Brasileira de Cinema e diretor executivo da Globo Filmes, Carlos Eduardo Rodrigues, um dos sete membros da comissão.
O Palhaço, que tem tido boa aceitação em festivais de cinema, recentemente abriu a mostra do 16° Festival de Cinema Brasileiro de Miami. A produtora do longa-metragem, Vania Catani, disse à Agência Brasil que a indicação permite uma nova fase de comercialização do filme no exterior. Com acordos de distribuição em seis países, a obra tem tido boa aceitação internacional. “A gente teve uma sessão em Nova York, em julho, no MOMA [Museu de Arte Moderna]. Só tinha americano na plateia e eles amaram o filme, interagiram, riram, entenderam tudo”, disse a produtora.
A promoção internacional da película terá apoio também dos ministérios da Cultura e das Relações Exteriores, com acompanhamento da comissão, segundo Ana Paula Santana.
O filme contou com apoio de leis de incentivo e do Prêmio Adicional de Renda, em valores não informados pela produtora. Levantamento feito no site da Agência Nacional do Cinema (Ancine) indicam que a obra recebeu R$ 3,4 milhões em incentivos fiscais, dos quais prestou contas.
O uso desses recursos, distribuídos a quase todas as produções audiovisuais profissionais do país, é tido por Catani como de grande importância para a indústria nacional de cinema. “Ainda não é hora de abrir mão delas [leis de incentivo]. São fundamentais e sempre serão, de alguma maneira, pois vai haver sempre um tipo de cinema que não vai ter condições de se pagar comercialmente. Eu, particularmente, me fiz com elas”, disse.
A seleção dos cinco filmes na lista final da categoria Melhor Filme Estrangeiro do Oscar deve ser anunciada em 10 de janeiro de 2013. A cerimônia de premiação será realizada em 24 de fevereiro, em Los Angeles, Estados Unidos.
Edição: Lana Cristina e Juliana Andrade