Carolina Gonçalves e Luciana Lima
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – Com uma homenagem ao historiador e crítico de cinema Paulo Emílio Salles Gomes, começa hoje (17) à noite a 45ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O paulistano Paulo Emílio, morto em 1977, foi um dos criadores da 1ª Semana do Cinema Brasileiro, que foi realizada em 1965 e dois anos depois passou a se chamar Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Ele está no centro dos debates que serão realizado paralelamente à mostra de filmes.
Sob o título Paulo Emílio e a Crítica Cinematográfica, o seminário que encerra a programação do festival vai reunir ensaístas e críticos brasileiros, de quinta-feira (20) a sábado (22), em torno de debates sobre a continuidade das produções brasileiras, a influência da obra do cineasta e a crítica na imprensa escrita e na internet.
O cineasta é considerado responsável pela linguagem acessível e as caracteríticas que o festival tem hoje.
“Paulo Emílio estabeleceu o festival para mostrar o jeito brasileiro de fazer o cinema. Tem o aspecto de pioneirismo e inovação. E, como o evento nasceu resistente, quando a ditadura estava estabelecida, isso abriu espaço para criatividade num ambiente de resistência, uma resistência que permanece ainda”, disse o secretário de Cultura do Distrito Federal, Hamilton Pereira.
A manutenção de tais características, que marcaram a concepção do evento, é observada pelos especialistas tanto na participação do público quanto na temática do festival. Mas Pereira faz questão de destacar que o tom do evento “afastou-se daquele perfil de cinema de 'filme cabeça'. O Festival de Cinema de Brasília combina a dimensão do filme de análise e entretenimento. Esta é a combinação mais adequada para o cinema brasileiro na fase contemporânea.” .
Aquilo que Pereira define como “a maneira de fazer cinema no Brasil” inclui também a participação do público. A confirmação anual desta marca mantém na programação do evento a série de seminários e debates sobre as produções brasileiras. Os debates são definidos pelos organizadores como espaços de reflexão e, em pelo menos um dia, serão dedicados aos 50 anos do cinema na Universidade de Brasília (UnB), importante pano de fundo da arte na cidade.
O seminário Memórias Afetivas será dividido em três mesas de debates, coordenadas por Tânia Siqueira Montoro, doutora em cinema e televisão pela Universidad Autónoma de Barcelona e professora e pesquisadora da Faculdade de Comunicação da UnB. As primeiras discussões serão conduzidas por professores e alunos que, ao longo dos anos 60 e 70 fundaram, refundaram e mantiveram o curso de cinema da universidade. Em seguida, na mesa Como Tudo Continuou – Dos Anos 80 aos Dias de Hoje, o público poderá acompanhar a experiência do curso de cinema, desde a perspectiva de diferentes gerações de ex-alunos até as memórias e vivências afetivas que conferiram identidade ao cinema da capital do país.
Os debates marcados para o primeiro dia do festival serão encerrado com a exposição de pesquisadores, profissionais e realizadores de projeção nacional sobre as perspectivas para o cinema na UnB.
Além dos seminários como atrações paralelas à mostra competitiva de filmes, Hamilton Pereira destaca o debate sobre séries de televisão, no próximo domingo (23), sobre uma nova forma de interação entre o público e a linguagem audiovisual e as oficinas que serão oferecidas ao público. Estão previstas ainda atividades como edição de som, atuação e interpretação para o cinema e oficina crítica de cinema e análise fílmica, que serão realizadas de amanhã até sábado, na Faculdade de Comunicação da UnB e no Teatro Sesc Paulo Autran, em Taguatinga Norte.
Edição: Nádia Franco
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