Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Estudo da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Ompi), agência das Nações Unidas (ONU) especializada em propriedade intelectual, mostra que a indústria esportiva global alcançará, em 2013, faturamento em torno de US$ 133 bilhões, englobando negócios em artigos esportivos estimados em US$ 300 bilhões por ano.
A economia do esporte ganha importância no Brasil com a realização de eventos como a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Somente a Copa do Mundo poderá injetar R$ 112 bilhões na economia brasileira, de acordo com estudo elaborado pela consultoria Ernst & Young, em parceria com a Fundação Getulio Vargas.
Atenta às possibilidades que se abrem para as empresas nacionais com esses eventos, a Ompi e o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) promovem na próxima semana, no Rio de Janeiro, o seminário internacional O Uso da Propriedade Intelectual na Indústria do Esporte. O evento reunirá especialistas brasileiros e estrangeiros para discutir como a propriedade intelectual pode ser um instrumento de promoção do desenvolvimento socioeconômico, a partir do esporte.
A vice-diretora do escritório da Ompi no Brasil, Beatriz Amorim-Borher, disse à Agência Brasil que uma das missões da agência internacional é a cooperação técnica com países em desenvolvimento, “para que eles entendam e usem melhor o sistema de propriedade intelectual de acordo com as suas prioridades de desenvolvimento econômico e social”.
Segundo ela, nesse contexto de cooperação técnica, o Brasil tem demandado, por meio do Inpi, a capacitação de profissionais e a promoção do tema da propriedade intelectual em áreas vinculadas a políticas governamentais recentes de inclusão da inovação como estratégia de desenvolvimento industrial e em questões ligadas ao patenteamento nas áreas de fármacos e de software (programas de computador).
Beatriz admitiu que o setor do esporte pode abrir muitas portas para o uso do sistema de propriedade intelectual por países de alta competência tecnológica, mas também por países que são mais fortes na área agrícola e em indústrias menos sofisticadas. “O esporte sempre é um meio de ganho econômico”.
Ela ressaltou, entretanto, que para que o Brasil venha se beneficiar do volume elevado de negócios previstos pela indústria esportiva nesses grandes eventos, terá de proteger seus ativos por meio de vários mecanismos, entre eles o registro de marcas e patentes. “O importante é que o uso desses mecanismos esteja dentro de um contexto de estratégia de negócio das indústrias nacionais".
A vice-diretora lembrou que o ganho pode vir pela proteção da marca de produtos e eventos, pelos direitos de imagem, por patentes para tecnologias esportivas. Lembrou ainda que o Brasil tem desempenho muito bom na área de produtos para atletas paralímpicos, inclusive. Ela sustentou a necessidade de o país trabalhar bem a questão da propriedade intelectual para ter o retorno desejado dos eventos esportivos.
Como o esporte tem ligação direta com o desenvolvimento social dos países em desenvolvimento, ele se torna estratégico para que haja um avanço nessa área, disse Beatriz. “Mas tem que ter consciência de que isso é importante e incluir uma estratégia também de negócio, dando destaque para a inovação”, acrescentou.
Para ela, a inovação é um elemento fundamental ao desenvolvimento do esporte e da economia em geral, mas não se restringe apenas à tecnologia. “Pode ser inovação em modelo de negócios, pode ser uma marca. Pode ser uma série de outros elementos dentro do negócio”.
Edição: Graça Adjuto