Da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Uma pesquisa pioneira iniciada este mês com células-troco tumorais em pacientes com diagnóstico de osteossarcoma, um tumor maligno dos ossos cuja incidência é maior em crianças e jovens com idade entre 10 e 20 anos, poderá fornecer informações importantes sobre a resposta do paciente à quimioterapia. O objetivo é descobrir novas estratégias para o tratamento.
O estudo é realizado por profissionais do Centro de Pesquisa em Terapia Celular e Bioengenharia do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia no Rio (Into). Ele consiste no isolamento e expansão in vitro de células-tronco tumorais, sendo composto por duas etapas: a primeira no ato da biópsia e a segunda após o tratamento com quimioterapia.
De acordo com a chefe da Divisão de Pesquisa do Into, Maria Eugênia Duarte, com a pesquisa, os profissionais pretendem identificar as células-mãe responsáveis pela formação de grupos de células dentro do mesmo tumor. Segundo ela, só após essa identificação, será possível avaliar se ocorreu ou não uma melhora no quadro clínico do paciente.
“É claro que, se depois do tratamento a gente observar que esse número de células-tronco caiu muito, nós vamos poder dizer que o paciente teve uma melhora ou pior resposta ao tratamento”, explicou.
A especialista destacou que qualquer informação obtida por meio da pesquisa a respeito do tumor será bem-vinda. Ela lembrou que devido à agressividade da doença, em apenas cinco anos dois terços dos pacientes morrem. Em média, a pessoa sobrevive de dois a quatro anos.
Segundo Maria Eugênia, isso ocorre porque o tratamento de quimioterapia usado pelos médicos é o mesmo adotado na década de 70. “Em outras palavras, não aconteceu quase nada em termos de evolução do tratamento do osteossarcoma. A nossa idéia é que, por meio desses resultados, possamos ajudar a melhorar e a entender um pouco melhor a baixa resposta desses tumores ao tratamento quimioterápico".
A pesquisadora disse que, em geral, as células-troco tumorais representam cerca de 1% da massa tumoral, sendo extremante resistente a qualquer tipo de tratamento. Ela destacou ainda as dificuldades de se fabricar um remédio capaz de combater as células-mães, responsáveis pelo desenvolvimento do tumor.
Maria Eugênia Duarte também ressaltou que essa nova linha de estudo é pioneira no país e já está disponível para pacientes provenientes do Sistema Único de Saúde (SUS). “É a primeira instituição pública do Brasil que está disponibilizando esse serviço para o paciente do SUS. É bastante interessante a gente ressaltar que hoje o paciente da rede pública, tratando no instituto, pode ter acesso a esse tipo de exame” garantiu.
Ela explica que, em média, o número de pessoas que desenvolve esse tipo de tumor no organismo chega a 40 anualmente no estado Rio. “É um número que não é muito alto, mas se você pensar no comprometimento da qualidade de vida que essas crianças têm, no grau de sofrimento físico que isso envolve, se a gente puder, por meio de um pequeno exame, ajudar essas crianças, é muito bom”, disse.
Edição: Davi Oliveira