Firjan cria rede para discutir iniciativas empresariais contra exploração sexual de menores durante a Copa

22/08/2012 - 16h21

Guilherme Jeronymo
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) anunciou hoje (22) a constituição de uma rede para discussão e criação de iniciativas empresariais contra a exploração sexual de crianças e adolescentes em grandes eventos internacionais que serão realizados no Brasil e que estará atuante na Copa do Mundo de 2014.

A decisão foi tomada hoje durante um seminário da Firjan para angariar apoio nas corporações para suas iniciativas contra a exploração sexual infantil no país. O seminário marca os dois anos da instalação de um compromisso dos industriais com o tema, o Pacto Corporativo de Enfrentamento à Violência Sexual Infantojuvenil, iniciado em 2010, próximo do começo do projeto ViraVida, capitaneado pelo Serviço Social da Indústria (Sesi).

“A Firjan está na base de estruturação deste compromisso corporativo, ao lado da secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Esse compromisso, lançado há dois anos, vai crescendo na convicção da Firjan, na convicção do governo federal, na associação e trabalho conjunto com a Conanda [Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente]”, declarou a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário.

O pedido para a constituição da rede partiu da ministra e o compromisso de mobilização da Firjan para criação da rede foi assumido pelo presidente da entidade, Eduardo Vieira, durante o evento.

A rede entre os empresários se juntaria a redes semelhantes do governo e da sociedade civil organizada (terceiro setor) na discussão de regras e iniciativas para proteção das crianças e adolescentes nos eventos internacionais, já atuando na Copa do Mundo de 2014.

Maria do Rosário também deu grande atenção e importância à necessidade de se pensar o papel da atuação em rede, algo fundamental para o combate a esse tipo de crime. Ela destacou os esforços de se estabelecer uma rede de equipamentos públicos qualificados, que inclua não só os conselhos tutelares e órgãos de assistência social, mas também postos de saúde e escolas, que têm grande potencial de atuação na prevenção à violência contra crianças e adolescentes.

Projetos piloto de grandes indústrias sobre a exploração sexual infantil também foram destacados pela ministra, incluindo esforços em grandes obras públicas e em iniciativas que geram o deslocamento de grande número de trabalhadores por empresas públicas, como Petrobras e Itaipu, e para os grandes eventos públicos, pela rede hoteleira, no âmbito nacional.

Outras questões de peso, como a inclusão de cláusulas de responsabilidade sobre exploração sexual para as empresas em contratos de financiamento de grandes obras públicas, a exemplo do que ocorre com o trabalho escravo, não foram discutidas em aberto, mas permearam os bastidores do seminário.

Durante o seminário, o presidente da Firjan criticou a baixa adesão das empresas às iniciativas de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes. “Nós temos 10 mil associados. Pouco importa se é uma empresa controlada pelo poder público, privado ou por capital estrangeiro. Estão aqui desempenhando um papel econômico e social. Se nós acharmos que a empresa é apenas um objetivo econômico, eu acho que este empresário não tem um futuro lá muito brilhante”, criticou.


Edição: Fábio Massalli