Ciclistas de Brasília promovem atividades para conscientizar motoristas no respeito a quem anda de bicicleta

19/08/2012 - 16h33

Mariana Branco
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Um grupo de ciclistas de Brasília promoveu hoje (19) uma série de atividades para conscientizar o motorista sobre o respeito aos pedestres e ciclistas, além de incentivar a substituição do carro por meios de transporte menos prejudiciais ao meio ambiente e mais seguros. As ações foram promovidas pela organização não governamental (ONG) Rodas da Paz e marcaram os seis anos da morte do biólogo brasiliense Pedro Davison, atropelado em 2006 enquanto andava de bicicleta no Eixão Sul, via expressa da capital federal que é fechada ao tráfego de veículos aos domingos e se transforma em área de lazer.

De acordo com Uirá Felipe Lourenço, presidente da Rodas da Paz, o objetivo do evento foi chamar a atenção da população para o fato de que sistemas de mobilidade alternativos àquele que privilegia o automóvel são possíveis. “É inviável continuar com esse modelo baseado só no automóvel. Ele causa alto número de acidentes, poluição e congestionamentos. Quanto mais bicicletas nas ruas, mais segurança”, disse.

Segundo Uirá, apesar de o número de ciclovias na capital federal ainda deixar a desejar, os ciclistas podem optar por vias menos movimentadas para se locomover, e até usar o metrô para transportar a bicicleta. “Muitos ainda não sabem, mas já é possível para quem mora em Taguatinga e Ceilândia [cidades distantes da zona central de Brasília] levar a bicicleta no metrô”, destacou.

As ações organizadas pela ONG hoje começaram na parte norte do Eixão. Os integrantes da Rodas da Paz venderam roupas e equipamentos para ciclistas, a fim de levantar fundos para campanhas educativas. Também foram distribuídos panfletos com regras para a convivência pacífica entre veículos e bicicletas.

No começo da tarde, os manifestantes pedalaram em direção à parte sul do Eixão, onde há um memorial no local do acidente que matou o ciclista Pedro Davison. O biólogo, que morreu aos 25 anos, estava na faixa central da via, onde não é permitido o tráfego de carros. Ele foi atingido pelo veículo do contador Leonardo Luiz da Costa, que em 2010 foi condenado a seis anos de prisão por crime de trânsito. Por ser réu primário, Leonardo recorre em liberdade. Em homenagem à vítima, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei para transformar 19 de agosto, data de sua morte, em Dia Nacional do Ciclista.

Os ciclistas da Rodas da Paz se encontraram com os pais de Pedro no memorial, o casal de economistas Beth Davison, 63 anos, e Pérsio Davison, 64. Eles depositaram flores na bicicleta pintada de branco que homenageia o biólogo. Beth, que se tornou vice-presidente da ONG após a morte do filho, disse que sempre usou bicicleta para se locomover, mas após o acidente houve um período em que o hábito se tornou menos frequente. “Eu usei menos, confesso que fiquei com um pouco de medo. Só agora estou começando a retomar. Vou de bicicleta ao cabeleireiro, ao sacolão”, declarou.

Ela é o marido dizem que gostariam de ver um trânsito mais seguro. “O caso do Pedro foi um marco muito grande. Nosso desejo é que não seja simplesmente uma morte a mais, mas que se transforme em um incentivo ao respeito mútuo [entre motoristas e ciclistas]”, ressaltou.

“A ideia é manter viva a necessidade de repensar o nosso trânsito. Se ficássemos quietos, a cada vez que ocorresse uma situação semelhante à do Pedro a gente se sentiria penalizado não só pela tristeza, mas pelo peso de não ter lutado”, disse Pérsio Davison.


Regras para uma convivência pacífica entre motorista e ciclista

Motorista:

Mantenha distância lateral de 1,5 metro do ciclista
Reduza a velocidade ao ultrapassá-lo
Dê a preferência ao ciclista
Sinalize

Ciclista:

Não ande na contramão dos carros
Use capacete e equipamentos de segurança
Pare na faixa de pedestres
Atravesse a faixa como pedestre

 

Edição: Aécio Amado