Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Ao contrário do setor acadêmico, a Petrobras não está sentindo carência de mão de obra especializada na exploração de petróleo e gás ou que isso constitua ameaça aos projetos voltados ao pré-sal. O assessor da empresa para Conteúdo Nacional e para o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), Paulo Alonso, disse à Agência Brasil que essa carência é apontada pela indústria e pelas entidades de classe.
Segundo ele, não há carência de mão de obra “porque a Petrobras tem se esforçado, por meio do Prominp, para capacitar técnicos e profissionais de nível superior para trabalhar na indústria de óleo e gás, tanto pessoal com nível básico de escolaridade, quanto de nível médio e superior”.
De 2006 até agora, o Prominp já capacitou 88.136 profissionais para a indústria do setor, distribuídos em várias categorias. Na formação desses técnicos, a empresa investiu R$ 236 milhões, com recursos da Participação Especial, que equivale a 0,5% sobre a receita bruta dos poços de petróleo cuja produção excede 20 mil barris diários. Esse dinheiro é direcionado obrigatoriamente para pesquisas feitas por instituições brasileiras de ciência e tecnologia. Os recursos são recolhidos à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Até 2015, para evitar que haja carência de mão de obra, a Petrobras pretende qualificar mais 204 mil profissionais, nos quais serão investidos R$ 434 milhões. Os cursos de capacitação para o pessoal de nível técnico são feitos no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e têm duração de quatro meses. Dos 204 mil profissionais que serão qualificados no âmbito do Prominp até 2015, 8,6 mil são de nível superior, incluindo engenheiros de diversas especialidades. Para esses profissionais, os cursos se estendem por nove ou dez meses e são dados por universidades federais e estaduais.
Paulo Alonso admitiu que em determinado momento, pode ser registrada falta de mão de obra em alguma categoria, ao final da qualificação. “Quando termina o curso de qualificação, esse profissional é disputado. Ele passa a ter uma formação que não tinha e vai trabalhar onde lhe pagam mais. É um esforço que a Petrobras faz, consciente do risco de que o técnico qualificado pode ir trabalhar em outra área que não seja petróleo e gás. Mas não temos alternativa. Continuamos investindo em treinamento”, disse. Estimou que 67% dos profissionais que saem dos cursos de qualificação acabam indo para a indústria de óleo e gás. Os restantes 33% vão trabalhar em outras áreas.
Em relação ao desenvolvimento cada vez mais urgente de tecnologias nacionais para a área de petróleo, o assessor destacou que a questão da inovação sempre foi apontada como um gargalo da indústria brasileira. Para lidar com isso, a Petrobras desenvolve desde 2006 um trabalho com as chamadas redes temáticas, onde há 869 projetos na área de inovação.
“São redes de projetos de alta tecnologia. Essas redes são estabelecidas com todas as universidades públicas do país. Elas têm esse nome de rede temática porque cada rede dessas se ocupa da pesquisa de um determinado tema da área de petróleo e gás”. Atualmente, são 52 redes temáticas, nas quais a Petrobras tem investido, desde 2006, uma média de R$ 450 milhões por ano.
O presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, disse à Agência Brasil que “não está sentindo” nenhuma falta de mão de obra que ponha em risco os projetos da Petrobras no pré-sal. O vice presidente da entidade e também da Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Siqueira, concorda com ele.
O treinamento que está sendo feito, por meio do Prominp, visa a capacitar pessoal para o pré-sal, lembrou. “O pré-sal vai dar um tempo bom para isso, porque está produzindo 180 mil barris, mas já tem pessoal capacitado”. Siqueira disse que na medida em que novas plataformas forem sendo construídas, a tripulação será treinada. “Então, acho que não vai ter problema nenhum de mão de obra”.
De acordo com dados fornecidos pela Petrobras, a produção atual da empresa atinge cerca de 180 mil barris de petróleo/dia nos campos do pré-sal. O volume corresponde a 9% da produção total. No ano passado, segundo o Anuário Estatístico Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 2012, a produção no pré-sal foi 71 mil barris/dia, o que correspondeu a 3,4% da produção nacional de 2,1 milhões de barris/dia. De acordo com a ANP, o resultado levou o Brasil à 13ª posição no ranking mundial de países produtores.
Edição: Graça Adjuto