Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Desempregado desde janeiro, Roni Peterson Golçalves de Souza viu na Rodada de Emprego Inclusiva uma chance de alcançar seu objetivo de trabalhar como auxiliar administrativo. Portador de deficiência auditiva, Roni já trabalhou na mesma função e tem experiência, mas desde que deixou seu último emprego não conseguiu outra vaga e conta com a ajuda da irmã para se sustentar. Assim como ele, outros portadores de deficiência foram ao Centro de Apoio ao Trabalhador (CAT) durante toda esta semana para deixar seus currículos e passar por entrevistas prévias pessoais com os empregadores.
“Já tive três empregos anteriores e acho que vai ser fácil encontrar outro, porque tenho toda a experiência para trabalhar no setor administrativo. Já me inscrevi em sites de emprego e fiz algumas entrevistas. Ser deficiente não atrapalha em nada na hora de procurar emprego, pois eu não tenho nenhum problema, nunca tive dificuldade com nada. Sem o aparelho eu não escuto muito bem, mas sei ler lábios”, explicou.
Segundo a gerente do Programa Inclusão Eficiente do CAT, Unidade Luz, Daiane Oliveira de Paula, o objetivo da rodada é promover a empregabilidade da pessoa com deficiência e agilizar o processo de inclusão trazendo para o mesmo espaço pessoas que estejam procurando emprego e empregadores que tenham interesse em contratar portadores de deficiência. “Tivemos empresas ofertando quase mil vagas de nível técnico, operacional, nível médio, técnico e superior, com salário variando de R$ 600,00 a R$ 8 mil”.
Durante toda a semana, o CAT também promoveu ações de sensibilização do empregador, com palestras onde o interessado em experimentar qual a sensação de estar privado de um sentido entra com uma venda nos olhos e passa por um circuito. “Assim é possível vivenciar a dificuldade da pessoa com deficiência visual de mobilidade e adaptação. E ainda ver a possibilidade que ela tem de se adaptar e desempenhar uma função”.
De acordo com Daiane, existem diversas dificuldades para o empregador na hora de contratar uma pessoa com deficiência, entre elas a falta de informação e convivência. “Muitos dizem que não encontram pessoas nessas condições, por isso pensamos em promover esta rodada para atrair essas pessoas”. Muitas empresas também ainda não estão preparadas em termos de acessibilidade para receber pessoas com deficiência, segundo a gerente.
Para a assessora de inclusão do Hospital Santa Marcelina, Aline Gomes Medina, ainda é difícil encontrar pessoas com deficiência com qualificação. Segundo a assessora, existem pessoas qualificadas, mas sem a devida competência para o trabalho que envolve atitude e habilidade em um espaço empresarial. “Nós compreendemos isso como um processo histórico nacional de falta de acesso à escola, ao mercado de trabalho, porque para muitos é o primeiro emprego e temos nos preparado muito para recebê-los e prepará-los”.
A analista de responsabilidade social do Instituto da Oportunidade Social, Elaine Santos, explicou que o trabalho do instituto é capacitar e encaminhar o candidato ao mercado de trabalho. Segundo informou, durante toda a semana foram preenchidas mais de 300 fichas cadastrais. “Aqui na rodada conseguimos mobilizar muita gente e a maioria vinha sabendo das vagas e fizemos muitos cadastros no perfil que estávamos procurando. Se a pessoa não estivesse dentro do perfil indicamos para outras empresas”.
Portador de deficiência auditiva, Mário Laércio de Souza Neto, 30 anos, foi ao CAT procurar trabalho em qualquer área, mas disse que precisava analisar porque precisa de um bom salário para ajudar a família. “Já estou esperando há bastante tempo, mas sei que tenho que ter paciência. Estou procurando qualquer trabalho, pois estou parado há um ano e sete meses. É difícil encontrar. Entrego currículos, mas a resposta demora”, disse.
Edição: Fernando Fraga