Rio de Janeiro – Entidades em defesa do parto humanizado e dos direitos reprodutivos das mulheres promoveram uma marcha hoje (6) na orla de Ipanema, zona sul do Rio. Uma das organizadoras da passeata, a jornalista Ellen Paes, explicou que a ideia surgiu após a publicação de duas resoluções do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), que proibiam a atuação das chamadas acompanhantes profissionais (obstetrizes, doulas e parteiras) em hospitais e maternidades e ameaçavam punir obstetras que acompanhassem partos domiciliares.
“Eu e mais sete meninas, todas mães, nos conhecemos pela internet e indignadas com a resolução do Cremerj resolvemos nos unir com outras mães de outras cidades para protestar contra esse sistema obstétrico brasileiro mercantilizado”, disse Ellen Paes.
A manifestação ocorreu simultaneamente em outras 23 cidades, entre elas Recife, Fortaleza, João Pessoa, Salvador e São Paulo. O Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro entrou com uma ação civil pública para anular a decisão do Cremerj e ela foi aceita pela Justiça no dia 30. O Cremerj já avisou que vai recorrer. De acordo com a entidade, as resoluções do conselho visam a proteger mães e bebês e oferecer as melhores condições de segurança para o parto.
O Brasil ocupa a primeira colocação mundial em realização de cesarianas, que corresponde a 52% dos partos, sendo 80% em hospitais privados. O máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde é 15%.
A psicóloga Paula Ceci Villaça relatou que o tratamento dado a ela durante o parto de sua filha dificultou a recuperação. "Durante o parto, estava muito nervosa, tive que ficar ouvindo conversas que nada tinham a ver com o meu momento. A anestesia não fez efeito e acabaram me dopando e não lembro de nada do parto da minha filha. Segundo ela, o sofrimento durante o parto acarretou uma depressão pós-parto que afetou o processo de amamentação.
Grávida de 28 semanas, a professora Magda Sousa, 35 anos, quer fazer seu segundo parto em casa. “A primeira vez foi maravilhosa. Ficava nua andando pela casa, no meu ritmo, à vontade. A doula me trouxe tranquilidade e segurança. Quando minha filha nasceu fiquei um bom tempo com ela em meu peito. Quero repetir a dose”.
Edição: Talita Cavalcante