Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Com milhares de caminhões parados na Via Dutra há três dias, o Rio de Janeiro começa a sofrer desabastecimento de alguns produtos alimentícios. O mais afetado é a batata.
De acordo com o engenheiro agrônomo Antônio Carlos dos Santos Rodrigues, chefe da divisão técnica da Central de Abastecimento do Rio de Janeiro (Ceasa), cerca de 100 caminhões de batata deveriam ter chegado ontem (30), mas apenas 35 conseguiram descarregar na central. Como consequência, o preço da saca de 50 quilos (kg), que custava cerca de R$ 40 na semana passada, subiu para R$ 100 ontem e hoje (31).
“O mercado é de oferta e procura. Se cai a oferta do produto, o preço sobe, se aumenta a oferta, o preço desce, então, como houve a redução da oferta de batata, o preço acabou subindo”, disse.
De acordo com Rodrigues, os caminhões de batata que conseguiram chegar ao Rio de Janeiro hoje vieram de Minas Gerais e fizeram rotas alternativas pela Rodovia BR 040, que passa por Juiz de Fora.
Outros produtos afetados foram a laranja-pera, que subiu de R$ 20 para R$ 30 a caixa de 25 kg e o limão-taiti, que passou de R$ 25 para R$ 45.
O engenheiro agrônomo aconselha o consumidor a comprar verduras que são produzidas no estado, e, portanto, não foram afetadas pelo bloqueio na Via Dutra, como alface, agrião, chicória, couve e couve-flor. O aipim ou mandioca podem substituir a batata. Frutas que vem do Nordeste também estão chegando normalmente ao Rio, como melão, mamão e abacaxi.
O presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), Aylton Fornari, diz que o desabastecimento vai afetar todos os produtos, não só os hortifrutigranjeiros. De acordo com Fornari, o quadro é assustador, já que hoje os pátios ficaram vazios de caminhões.
“Amanhã com certeza alguma coisa vai começar a faltar em alguns supermercados, porque os supermercados não trabalham mais com estoque grande. Isso se fazia na época da inflação muito grande, quando os supermercados compravam em grande quantidade para ver se conseguiam preços melhores. Agora não é mais assim, as coisas vão chegando, vão para o depósito e já voltam para a loja. Se não chegar mercadoria até esta noite de madrugada, amanhã o cliente já vai começar a sentir falta de alguns produtos”.
Edição: Fábio Massalli
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