População de Londres critica engarrafamentos provocados pelas faixas de trânsito dedicadas aos Jogos

29/07/2012 - 10h56

Danilo Macedo
Enviado especial da EBC

Londres (Reino Unido)- Os Jogos Olímpicos começaram na cidade, porém nem toda a população está em clima de festa. Os taxistas londrinos dizem que está ficando inviável trabalhar durante o evento. A causa, segundo eles, são as “linhas olímpicas”, delimitação de faixas de trânsito que só podem ser usadas por autoridades, atletas, patrocinadores e organizadores dos Jogos e imprensa credenciada.

A estratégia do governo local foi implantada para evitar que a “família olímpica”, ou VIPs, como estão sendo chamados, cheguem atrasados aos eventos esportivos. Para o resto da população, no entanto, sobram engarrafamentos.

George Cristous, taxista em Londres há 24 anos, disse que os Jogos estão sendo um desastre para sua categoria e para quem trabalha na cidade. “Estamos perdendo dinheiro. Falei com minha família e penso em sair de Londres e voltar só em setembro [quando terminam as Paralimpíadas]”, disse ele, reclamando das faixas olímpicas e bloqueios feitos em várias ruas da cidade. “A consequência disso é que estamos voltando a uma recessão e os Jogos vão acelerar esse processo”, acrescentou.

Ao todo são cerca de 50 quilômetros de vias exclusivas, localizadas nos principais trajetos da cidade com duas ou mais faixas, que devem ser usadas durante o evento por 4 mil carros e 1,5 mil ônibus levando a “família olímpica”. Quem as usar sem autorização pode receber multa. Em alguns lugares em que as linhas olímpicas ocupam os corredores de ônibus, estes terão que usar as outras faixas, disputando-as com os carros e aumentando o congestionamento.  

Para tentar diminuir o transtorno, o Departamento de Trânsito de Londres publicou anúncio sugerindo que as pessoas tentem ir à pé ao trabalho e assistam às competições em casa ou em lugares próximos. Pelo Twitter, a prefeitura dá informações em tempo real sobre as condições de tráfego nas principais vias da cidade, geralmente recomendando que, se possível, determinado trajeto seja evitado ou feito de bicicleta.

A linhas de metrô do centro também estão cheias. Até o fim das competições, a estação de Marble Arch, por exemplo, localizada ao lado do Hyde Park, que receberá muitos eventos e onde as pessoas podem assistir às transmissões ao vivo por um telão, está fechada para embarque. Apenas quem quiser desembarcar ali pode usá-la. Na entrada, funcionários barram a entrada e direcionam as pessoas para a estação seguinte, a 700 metros de distância.

Apesar dos problemas, há quem veja pontos positivos, como o paulistano Maurício Rodrigues, que chegou na cidade há cinco dias para trabalho. “O trânsito está bem caótico, mas o bom é que tem bastante opção, muitos ônibus, o metrô, e a gente pode escolher. Se fosse em São Paulo, seria mais caótico ainda. Aqui é mais organizado”.

Edição: Davi Oliveira