Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – As 2,3 mil escolas estaduais de São Paulo fazem durante este fim de semana o segundo encontro bimestral do projeto Um Dia na Escola do Meu Filho. Com atividades culturais, principalmente festas juninas, o programa busca aumentar a integração da comunidade com a rede educacional. A expectativa da Secretaria de Estado de Educação é que a ação mobilize 300 mil pessoas.
Um levantamento feito pelo Movimento Todos pela Educação, a partir dos questionários respondidos por professores do 5º ao 9º ano do ensino fundamental na Prova Brasil de 2009, indicou que para os educadores o acompanhamento da família é fundamental para o aprendizado. Na opinião de 88,19% dos professores, o principal problema na assimilação do conteúdo pelo estudantes é a falta de assistência dos pais ou responsáveis, especialmente nas tarefas de casa e pesquisas.
O resultado mostra, segundo a diretora executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, que os professores reconhecem a importância da família no processo educacional. Para ela, os pais são fundamentais para que os filhos tenham a disciplina necessária na sala de aula. Segundo Priscila, a dispersão dos estudantes tem sido um problema enfrentado por escolas particulares e públicas. “ As famílias realmente precisam transmitir valores de respeito aos professores, de disciplina, de prestar atenção e de obedecer às regras”, destacou.
A vice-diretora da Escola Professora Guiomar Rocha Rinaldi, na zona leste, Ana Maria Francisco, confirma que a atenção dos pais é um diferencial para o aprendizado dos alunos. “[No caso de] um pai que está sempre presente, o aluno desenvolve melhor as atividades e com mais responsabilidade na entrega das tarefas. Se um pai cobra menos, o aluno fica meio sem direção, a gente que acaba direcionando”, comparou pouco antes do início da festa junina da escola.
Segundo a vice-diretora, há um esforço no sentido de trazer os pais para o dia a dia da sala de aula, com atendimento até em horários alternativos. “Tem muitos pais que vêm à noite, na hora que estão chegando do serviço”, ressalta. Além disso, as reuniões de pais e mestres são marcadas sempre aos sábados, para aumentar adesão. “A gente procura também fazer uma reunião bem prazerosa, dar lanche ou chamar para assistir a alguma atividade que o pessoal da escola faz”, conta.
Esse posicionamento, de escola aberta à comunidade e sensível à realidade das famílias, é o ideal, na avaliação de Pricila Cruz, do Todos pela Educação. “A escola tem que se abrir para essas famílias, criar um canal de diálogo mais aberto, mais constante, e também orientar o trabalho das famílias dentro de casa. Em grande medida, os pais têm dificuldade de identificar o que eles podem fazer para ajudar o seu filho na escola”, ressalta.
Assim, mães como a artesã Veridiana Albuquerque, que tem três filhos matriculados na escola Guiomar Rinaldi, sentem-se convidadas a participar do cotidiano da escola. Ela diz que é conhecida no colégio como uma das mães mais presentes e garante com isso as boas notas dos filhos. “Eu fico bem em cima. Eu trabalho em casa, fazendo artesanato, mas estou sempre olhando”.
Edição: Juliana Andrade