Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Nos dois primeiros meses deste ano, a indústria de transformação paulista criou 4,5 mil vagas no mercado de trabalho, o que significa um aumento de 0,18% sobre o primeiro bimestre de 2011. A expansão foi concentrada no setor sucroalcooleiro, que, isoladamente, ampliou a contratação em 6,6 mil ante a eliminação de 2,1 mil empregados, na média dos demais setores.
Em fevereiro, de um total de 22 setores, dez efetuaram cortes, nove ampliaram vagas e três mantiveram o número de empregados, quando compara-se o resultado com o de janeiro. Entre os que fecharam postos de trabalho, está a indústria automotiva, que demitiu 1,3 mil trabalhadores.
Os dados foram divulgados hoje (13) pelo diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini. Ele vê com ceticismo o futuro do setor no curto prazo e prevê estagnação na oferta de empregos, em decorrência dos efeitos da crise na Europa e do desaquecimento da economia norte-americana no mercado global.
Pelas projeções da Fiesp, o nível de emprego deverá ficar em torno de 0,2% ao longo do ano. De acordo com Francini, as empresas estão com número de empregados além do que necessitam. Ele enfatizou que “não existe um país que dê certo sem contar com indústria de transformação”, lembrando que, nos últimos anos, no Brasil, a indústria vem, gradativamente, perdendo a sua participação no Produto Interno Bruto (PIB). Segundo ele, a proporção passou de 25%, nos anos de 1980, para 14,6%, no ano passado.
O economista reconheceu, porém, que algumas medidas tomadas pelo governo brasileiro favorecem o setor como, por exemplo, as que visam a conter a desvalorização do dólar. Ele, no entanto, acredita que novas brechas para a entrada da moeda no mercado poderão ser utilizadas já que existe muita liquidez nos mercados lá fora, e a situação dos investimentos financeiros no Brasil é atrativa.
Quanto à desoneração da folha de pagamento como estímulo, ela só seria bem-vinda, na avaliação de Francini, se as empresas não tivessem que compensar a perda dessa arrecadação fiscal com o recolhimento de uma parte do faturamento, como quer o governo. Ele acredita que acordos nesse sentido não deverão vingar.
Edição: Lana Cristina