Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, afirmou hoje (27) que não vão faltar recursos para dar continuidade às pesquisas brasileiras na Antártica . No último sábado (25), um incêndio destruiu parte da Estação Comandante Ferraz, base militar e científica operada pela Marinha na Antártica.
“A base tem que ser reconstruída, e reconstruída de forma a aproveitar as oportunidades, dentro do pior cenário", disse Raupp. Segundo ele, o país aproveitará a oportunidade para melhorar a obra, torná-la mais adequada à finalidade a que se destina, que é fazer pesquisa, e fará isso o mais rápido possível. "Não faltarão recursos para a retomada completa dessa atividade”, garantiu o ministro, após visita às instalações da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), na capital paulista.
Raupp explicou que, para isso, serão necessários recursos extras. “Vamos ter que fazer uma reavaliação do nosso orçamento para ver o que podemos investir lá [na Antártica]. E certamente poderemos investir lá para minimizar todo esse impacto negativo.”
O ministro informou que se reunirá em breve com os pesquisadores chefes ou responsáveis pelos trabalhos na base brasileira para encontrar uma maneira de não se interromperem os trabalhos na região. Raupp disse que a ideia é elaborar um planejamento para que não haja descontinuidade nas pesquisas que vinham sendo realizadas lá e deu como exemplo as sub-bases brasileiras que estão instaladas na Antártica. O ministro mencionou ainda a a ajuda de países como a Argentina e o Chile, que também operam no Continente Antártico.
De acordo com Raupp, outra opção seria usar como base o navio Almirante Maximiano que, segundo ele, tem condições de dar apoio à continuidade das pesquisas na Antártica. O navio pode estacionar lá e ser a base para que as medições e pesquisas continuem sendo feitas. "Usar novas plataformas, ou fazer acordos com países que estão atuando lá para aproveitar a infraestrutura, deles e levar essas embarcações que temos para perto da Antártica, é o que temos que definir agora”, resumiu o ministro.
A Estação Comandante Ferraz abrigava pesquisadores brasileiros que estudam os efeitos das mudanças climáticas na Antártica e suas consequências para o planeta, além de pesquisas sobre a vida marinha e a atmosfera. Os trabalhos são financiados por bolsas concedidas pelo Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência de fomento vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
De acordo com Raupp, as pesquisas realizadas na região têm importância estratégica para o país. “Em primeiro lugar, pelas pesquisas das condições da Antártica e pelo conhecimento atmosférico e oceânico, que influenciam a vida aqui na América do Sul e no Brasil, mas também pelo tratado para ocupação da Antártica por todos os países do mundo. Temos que fazer pesquisas lá para termos direito a ter uma posição na Antártica”, explicou.
Raupp informou que, desde 2007, o ministério investiu cerca de R$ 140 milhões em atividades na base brasileira na Antártica, valor que considera “perfeitamente suficiente para financiar todas as pesquisas lá”.
Ele confirmou que o incêndio destruiu 70% dos laboratórios da estação, como a Marinha informou ontem, em nota à imprensa. "A Marinha está fazendo um inquérito para saber das causas dessa fatalidade e contabilizar os prejuízos.”
Perguntado se os equipamentos da Estação Comandante Ferraz estavam sucateados, o ministro respondeu: “Não sei. São 28 anos [de instalação da base], e até podem acontecer coisas desse tipo, mas é prematuro falar sobre o que teria acontecido lá, quais eram as condições dos equipamentos. Isso deve ser feito de forma organizada, racional e formal para sabermos o que realmente aconteceu.”
Raupp negou ter conhecimento de inspeção que teria sido realizada recentemente na base, segundo a qual seria necesssário repor os equipamentos para controle de incêndio. “O ministério não é o responsável pela manutenção ou operação das condições da base. O responsável pela logística e manutenção de toda a infraestrutura é a Marinha”, concluiu.
Edição: Nádia Franco