Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Brasília - A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) estima que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) latino-americano e caribenho deve atingir 4,3% este ano. Se confirmada, a estimativa resultará em um aumento de 3,2% do produto per capita regional, ou seja, da riqueza total dividida pelo número de habitantes da região.
Considerando apenas dez países sul-americanos, a estimativa de crescimento regional sobe para 4,6%, a reboque principalmente das expectativas em torno dos resultados da Argentina (9%), Equador (8%) e Peru (7%).
Segundo o organismo da Organização das Nações Unidas (ONU), este ano o Brasil deverá crescer abaixo da média latino-americana, limitando-se a um incremento do PIB da ordem de 2,9%, o terceiro pior resultado dentre os 20 países da região, a frente apenas de El Salvador (1,4%) e de Cuba (2,5%). O governo brasileiro, no entanto, aposta em um crescimento superior a 4%.
De acordo com o relatório anual apresentado hoje (21), em Santiago, no Chile, o crescimento das economias latino-americanas e caribenhas deverá ser ainda menor em 2012. Devido aos reflexos da crise econômica mundial e ao cenário de incertezas e instabilidade dos mercados financeiros internacionais, a projeção é que América Latina e Caribe cresçam 3,7% no próximo ano. Isoladamente, contudo, o Brasil faz parte do pequeno grupo de países para os quais a Cepal projeta um crescimento maior do PIB (3,5%) do que o estimado para este ano (2,9%).
No documento, a Cepal indica que boa parte dos países da região teve um desempenho positivo durante o primeiro semestre de 2011 (embora já mais moderado do que o do mesmo período de 2010) graças a um contexto externo favorável do qual se beneficiaram principalmente os países exportadores de petróleo e minérios.
O organismo, contudo, faz a ressalva de que o benefício adveio da elevação de preços das commodities, e não do maior volume exportado. Fato que motivou a secretária executiva da Comissão, Alicia Bárcena, a defender que os governos locais deveriam adotar uma política de exportações “mais ativa” a fim de estimular as transações intraregionais.
“Não recomendamos nenhum tipo de protecionismo, mas sim o aprofundamento das relações comerciais entre os países da região”, disse a secretária, elencando alguns desafios futuros como o aumento da inflação regional, que subiu de 6,6% em 2010 para estimados 7% em 2011. O relatório também menciona a valorização cambial, a deterioração das economias desenvolvidas e a necessidade de arranjos de políticas fiscais.
Segundo Alicia, contudo, o maior desafio dos países latino-americanos e caribenhos é como retomar e sustentar o ritmo de crescimento econômico de anos recentes em um ambiente de incertezas globais, cujo principal sustentáculo, a China, já começou a dar sinais de desaquecimento da economia.
Ao comentar a projeção pessimista para a economia brasileira, Alicia atribuiu à desaceleração a medidas adotadas pelo governo brasileiro para conter o ritmo de expansão da demanda interna e o ingresso de capitais estrangeiros e, assim, impedir que a inflação fugisse ao controle. A secretária, contudo, destacou o superávit comercial resultante do aumento das exportações brasileiras e redução das importações comparativamente a 2010, o acúmulo de reservas internacionais, e a política de valorização do salário mínimo como fatores que dão “certa resistência à economia brasileira” às incertezas globais.
Edição: Fernando Fraga