Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cerca de 50 de pessoas protestaram na tarde de hoje (17) na orla de Copacabana, zona sul do Rio, contra a construção da Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. Com o slogan "Belo Monte: com Meu Dinheiro Não!”, manifestantes carregaram cartazes, acusando o governo de gastar dinheiro público no empreendimento, orçado em R$ 26 milhões. Eles alegam que a obra vai prejudicar o meio ambiente e a vida dos povos indígenas e das populações tradicionais da Amazônia.
A marcha foi organizada pelo Movimento Xingu Vivo para Sempre e ocorreu também em oito estados e no Distrito Federal. A representante do movimento no Rio, Maíra Irigaray, explicou que o objetivo do protesto é informar à população que a obra deve passar de R$ 30 bilhões e que 80% desse dinheiro será repassado pelo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com juros abaixo do cobrado pelo mercado e prazo de 30 anos para pagar, segundo ela.
“Esse protesto é um dos muitos que virão e é uma onda de conscientização crescente. Vamos conseguir com isso o fim da construção de Belo Monte, a abertura de um diálogo verdadeiro, uma renovação da política energética do país e o respeito aos povos tradicionais da floresta e à natureza.”
Zélia Soares do Movimento Brasil pelas Florestas acredita que apenas a população pode impedir a construção de Belo Monte. “Tudo que começa pode ser impedido de novo, por isso temos que protestar. Além disso, faltam 14 ações contra a usina para serem julgadas na Justiça, que podem parar a obra a qualquer momento.”
Ana Bittencourt, de 20 anos, ficou sabendo do movimento pelo Facebook – rede social na internet. “Vim porque me importo, acho que essa ideia de que só por que está acontecendo fora do meu quintal não é problema meu é errada. [A obra] é lá no Xingu, muita gente não sabe onde fica, mas a população devia se importar com os direitos de quem está perdendo sua casa e sua terra.”
A construção de Belo Monte é um dos maiores empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e, se concluída, será a terceira maior hidrelétrica do mundo, com potência instalada de 12 mil megawatts (MW), e geração média de 4 mil MW. Ambientalistas e organizações indígenas e ribeirinhas da região do Xingu criticam o projeto que deve alagar uma área de 516 quilômetros quadrados.
Ontem (16), o juiz federal Carlos Eduardo Castro Martins, da 9ª Vara Federal no Pará, determinou a retomada das obras de Belo Monte. A decisão revoga liminar do próprio magistrado, que havia suspendido, em setembro, as obras da usina no curso do Rio Xingu, por entender que ameaçavam o transporte da população local e poderiam causar danos ambientais irreversíveis.
Edição: Talita Cavalcante
Mais de cem pessoas protestam contra Belo Monte em São Paulo