Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A tarifa média de gás natural paga pela indústria no Brasil é 17,3% mais alta do que a média de 23 países, revela o estudo Quanto Custa o Gás Natural para a Indústria no Brasil?, divulgado hoje (13) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). A tarifa média no Brasil, com base nas tarifas de consumo de gás natural industrial de 18 distribuidoras independentes atuantes em 15 estados que têm gás canalizado, foi US$ 16,84 por milhão de unidades térmicas britânicas (MBTU), enquanto a média dos 23 países pesquisados ficou em US$ 14,35/MBTU.
O gerente de Competitividade Industrial e Investimentos do Sistema Firjan, Cristiano Prado, disse à Agência Brasil que o dado mais preocupante é a tarifa brasileira ser superior à dos principais concorrentes do país no mercado global, em especial, três integrantes do Brics (acrônimo que representa os emergentes Rússia, Índia, China e África do Sul, além do Brasil). A tarifa brasileira é 133% mais alta que a média da Rússia, China e Índia, que é US$ 7,24/MBTU.
“Isso acaba afetando a competitividade das indústrias que estão instaladas aqui, já que elas, no mercado internacional, vão concorrer com esses países”, disse o economista. Em relação aos 15 estados brasileiros pesquisados, a variação do preço pago pelas indústrias pode chegar a 31%.
O preço mais alto é pago no Ceará (US$ 19,97/MBTU) e o mais baixo, embora acima da média de 14 países, está em Mato Grosso do Sul (US$ 15,27/MBTU). A conclusão da Firjan é que nenhum estado tem tarifa de gás natural competitiva para padrões internacionais.
O preço do gás natural para o consumidor industrial brasileiro é composto por quatro elementos, que são a parcela variável (o gás em si), cujo preço corresponde a 43,3% do valor final; a parcela fixa ou de transporte (15,8%); a margem de distribuição (18,8%); e os tributos federais e estaduais (22,1%). Cristiano Prado disse que, tomando por base a parcela variável, o custo para as indústrias nacionais é US$ 7,30/MBTU, superando o preço final pago pelo consumidor industrial na Rússia (US$ 2,99/MBTU), no Canadá (US$ 3,31), nos Estados Unidos (US$ 5,09) e na Índia (US$ 5,23).
“O que a gente percebe é que a parcela variável é cara, os impostos são muito pesados, a remuneração das distribuidoras estaduais também pesa”. De acordo com o estudo, apenas seis países têm valores maiores do que os praticados no Brasil: Hungria (US$ 25,56), Eslovênia (US$ 24,97), Eslováquia (US$ 24,29), Alemanha (US$ 20,59), República Tcheca (US$ 20,03) e Estônia (US$ 19,24). Os preços no Brasil são, em média, 25% mais altos que na China, 222% a mais do que na Índia, 464% maior que os preços na Rússia e 231% acima dos Estados Unidos.
Edição: Vinicius Doria