Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O saldo negativo das transações do Brasil com o exterior chegou a US$ 3,109 bilhões, em outubro deste ano, informou hoje (22) o Banco Central (BC). O resultado ficou abaixo do projetado pelo BC para o mês, US$ 4,8 bilhões.
O saldo negativo também foi menor do que o registrado no mesmo mês de 2010 (US$ 3,770 bilhões). Nos dez meses do ano, o déficit em transações correntes ficou em US$ 39,092 bilhões, contra US$ 39,130 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. Em relação a tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB), o saldo negativo representa 2,23%.
A conta de transações correntes registra as compras e vendas de mercadorias e serviços. Nesse cálculo estão incluídas, portanto, as exportações e as importações de mercadorias que formam a balança comercial. Segundo o chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, o saldo negativo abaixo do esperado foi influenciado pela “balança comercial bem mais favorável do que o inicialmente previsto e pela remessa de lucros e dividendos abaixo do esperado”.
Em outubro, o superávit comercial (resultado positivo de exportações menos importações) de US$ 2,355 bilhões contribuiu para que o déficit em conta-corrente não fosse maior. Nos dez meses do ano, o superávit comercial chega a US$ 25,389 bilhões.
Já a conta de rendas (lucros e dividendos, salários e juros), que também faz parte das transações correntes, ficou negativa em US$ 2,302 bilhões no mês passado e em US$ 35,677 bilhões, de janeiro a outubro deste ano.
A conta de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos e outros) registrou déficit de US$ 3,418 bilhões, em outubro, e de US$ 31,255 bilhões nos dez meses do ano.
Na conta de transações correntes também estão incluídas as transferências unilaterais correntes, que são doações e remessas de dólares que o país faz para o exterior ou recebe de outros países, sem contrapartida de serviços ou bens. Nos dez meses do ano, essas transferências registraram ingressos líquido de US$ 2,451 bilhões e, em outubro, chegaram a US$ 256 milhões.
Como o resultado das transações correntes ficou negativo, ou seja, o país gastou mais do que a renda, é preciso receber recursos do exterior para financiar esse déficit. Em outubro, o investimento estrangeiro direto foi mais do que suficiente para financiar esse saldo negativo. Esse investimento chegou a US$ 5,550 bilhões, no mês, contra US$ 6,788 bilhões em outubro de 2010. De janeiro a outubro de 2011, foram investidos no setor produtivo do país US$ 56,001 bilhões, ante US$ 29,345 bilhões registrados em igual período de 2010. Esse resultado representou 2,47% do PIB.
O ingresso líquido de investimento estrangeiro em ações negociadas em bolsas de valores do Brasil e do exterior chegou a US$ 427 milhões e acumulou US$ 5,407 bilhões, nos dez meses do ano. Na comparação com valores verificados nos mesmos períodos de 2010, US$ 14,536 bilhões, em outubro, e US$ 33,682 bilhões, em dez meses, houve redução significativa desses investimentos.
De janeiro a outubro, houve entrada líquida de US$ 10,086 bilhões de investimentos em títulos de renda fixa, negociados no país e no exterior. Em outubro, houve saída de US$ 30 milhões. Em igual período do ano passado, houve mais entradas desses investimentos no país: US$ 2,238 bilhões, em outubro, e US$ 26,314 bilhões, em dez meses.
Edição: Juliana Andrade