Votação do Código Florestal não pode sofrer interferência de outros temas, defende Marina Silva

23/05/2011 - 16h59

Luana Lourenço e Ivan Richard

Repórteres da Agência Brasil

Brasília - A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse hoje (23) que a votação do Código Florestal não pode sofrer interferência de outros temas políticos da agenda do Congresso, como o pedido de convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, para explicar sua evolução patrimonial, e a votação de medidas provisórias.

“Qualquer questão ligada ao ministro Palocci ou envolvendo a votação de medidas provisórias não deve vir para a pauta do Código Florestal. Isso seria o pior dos mundos, queremos separar as coisas. Queremos um debate sobre florestas e isso não pode ser trocado por qualquer que seja o assunto”.

Marina e outros nove ex-ministros do Meio Ambiente apresentaram hoje (23), na Câmara dos Deputados, carta aberta contra o relatório do novo Código Florestal, elaborado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Os ministros também querem o adiamento da votação do relatório, marcado para amanhã (24).

O grupo criticou a falta de transparência na negociação de pontos polêmicos do texto e a pressa em aprovar as mudanças na lei ambiental. A expectativa pela possível flexibilização das regras para preservação em propriedades rurais já está provocando aumento do desmatamento no país, segundo os ex-ministros. “Se for votado de forma açodada, teremos uma situação de completo descontrole”, disse Marina Silva.

O ex-ministro do Meio Ambiente do governo Itamar Franco, Rubens Ricupero disse que a aprovação das mudanças do Código Florestal com flexibilização das regras representaria um retrocesso na política ambiental brasileira e citou a criação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) na época da ditadura militar. “Seria um trágico retrocesso e uma ironia terrível que um Parlamento democrático desfizesse o que o regime militar permitiu ser feito”.

Além de Marina Silva e Ricupero, os ex-ministros Paulo Nogueira Neto, José Goldemberg, Fernando Coutinho Jorge, Henrique Cavalcanti, Gustavo Krause, Sarney Filho, José Carlos Carvalho e Carlos Minc também assinaram a carta contrária às propostas de mudanças no Código Florestal.

O grupo vai apresentar ainda hoje (23) o documento aos presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP) e da Câmara, Marco Maia (PT-RS). E amanhã (24)devem ser recebidos pela presidenta Dilma Rousseff.

 

Edição: Aécio Amado