Da BBC Brasil
Brasília – A complexidade da operação de resgate dos corpos do acidente com o voo 447 da Air France, ocorrido em maio de 2009, deixa incerta a decisão do governo da França de determinar o trabalho de retirada dos restos mortais das vítimas do fundo mar. A decisão só será tomada durante a missão em alto-mar e seguindo orientações de um representante da Justiça que estará a bordo. A incerteza é causada também porque jamais houve uma ação semelhante a essa na França.
A informação é da porta-voz do Escritório de Análises e Investigações (BEA, na sigla em francês), órgão que está levantando as causas do acidente, Martine Del Bono. "Será decidido a bordo do navio na área de buscas, com base na observação das condições do local, se a operação de resgate dos corpos é viável ou não”, disse Del Bono.
Em seguida, o porta-voz acrescentou que a decisão de trazer ou não os restos mortais à superfície será tomada por representantes da Justiça a bordo do navio. “São eles que vão decidir como isso será feito, se haverá o resgate de todos os corpos ou de apenas alguns, e eles instruirão os técnicos em relação aos procedimentos.”
Del Bono afirmou que a prioridade desta etapa da missão é tentar resgatar as caixas-pretas do avião – que reúne as gravações de voz e dados do voo. “A prioridade da quinta fase é a localização das caixas-pretas do avião”, afirmou a porta-voz. “No passado, já nos deparamos com resgates de corpos, mas nunca nos ocorreu de encontrarmos a fuselagem dois anos depois com restos mortais a quase quatro quilômetros de profundidade.”
O voo 447 da Air France caiu no Atlântico no dia 31 de maio de 2009 após decolar do Rio de Janeiro rumo a Paris com 228 pessoas a bordo, de 32 nacionalidades e vários brasileiros. Apenas 50 corpos foram localizados.
A nova etapa de operações começa amanhã (22), segundo Del Bono o navio Ile de Sein deixará o Senegal em direção à área onde foi localizada a fuselagem do avião. A previsão é que o navio chegue à região no domingo (24) ou na segunda-feira (25). A bordo do navio estarão oficiais da polícia judiciária francesa e médicos legistas do Instituto de Pesquisas Criminais da Polícia Militar.