Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A queda da migração e da taxa de fecundidade dos paulistas mudaram a velocidade do crescimento da população do estado. De 2000 a 2010, pela primeira vez, desde a divulgação dos primeiros censos, São Paulo cresceu menos que a média de todo país.
Nos dez primeiros anos deste século, a população do estado cresceu, na média, 1,1% por ano. Neste mesmo período, a população brasileira cresceu anualmente 1,2%.
Esses dados constam da pesquisa SP Demográfico, divulgada hoje (19) pela Fundação Estadual de Análise de Dados (Seade). A pesquisa cruza dados sobre nascimentos e mortes com os números do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com a pesquisa, a população de São Paulo tem crescido menos desde a década de 70. De 1970 a 1980, eram 728 mil pessoas a mais anualmente. Na última década, o número de novos habitantes do estado caiu para 427 mil por ano.
“São Paulo, que já cresceu cerca de 4% ao ano, passou a crescer 1,1%. Foi um crescimento muito reduzido”, afirmou Sonia Perillo, analista de projetos da Fundação Seade e uma das responsáveis pelo estudo sobre o crescimento da população paulista.
Essa queda, segundo ela, se deveu à redução do número de filhos por habitante, durante os últimos 40 anos. Pode ser explicada também pela diminuição verificada, em 1970, no número de migrantes que se mudaram para o estado.
De 1970 a 1980, o número de pessoas que mudavam para o estado anualmente superava em 308 mil o número das que o deixavam. De 2000 a 2010, esse saldo caiu para 47 mil.
Sonia ressaltou que não há dados disponíveis para afirmar o que causou a redução da migração para o estado. Entretanto, a queda no ritmo de crescimento da economia estadual, segundo ela, deve ser uma das grandes razões para a redução do saldo migratório.
A analista disse que a economia de São Paulo cresce atualmente menos do que a de outros estados do país. Estados do Norte e Centro-Oeste crescem mais e, por consequência, têm atraído mais migrantes. “A redução do crescimento afetou o dinamismo da economia paulista e as oportunidades para migrantes”, afirmou ela, ressaltando que a queda na migração pode ser um indicador negativo.
Sonia disse, porém, que a queda da migração e do ritmo de crescimento da população tem seus benefícios. Com a população mais estável, segundo ela, é possível planejar melhor políticas públicas para atender à demanda dos que vivem atualmente no estado.
Edição: Lana Cristina