Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) previu para 2011 um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 4% e 5%. Já a inflação deve registrar crescimento de 5% a 6%. As projeções fazem parte da Carta de Conjuntura, divulgada hoje (13) na sede do instituto, no Rio.
De acordo com o coordenador da pesquisa, Roberto Messenberg, do Grupo de Análise e Previsões (GAP), as medidas tomadas pelo governo para evitar um possível descompasso entre a oferta e a demanda e o menor impulso do setor fiscal vão contribuir para a redução do ritmo de crescimento do nível de gastos.
“O consumo das famílias deve continuar elevado por causa do aumento do emprego, da renda e da expansão do crédito, mas de forma mais moderada que no ano passado”, estimou. Messenberg acredita que o endurecimento da política monetária deve contribuir para que a trajetória do PIB, em 2011, se aproxime da que foi observada no segundo semestre de 2010.
Em relação à inflação, o resultado aparece acima do centro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (4,5%), porém abaixo do limite superior (6,5%). Essa previsão deve-se, sobretudo, segundo o IPEA, à pressão das commodities agrícolas ao longo do ano, ao recente aumento do petróleo no mercado internacional e à resistência da queda da inflação de serviços.
Messemberg, no entanto, descartou qualquer possibilidade de hiperinflação. “Não existe nenhuma possibilidade da taxa de inflação sair fora de controle. Essas especulações fazem parte de uma estratégia terrorista de instituições financeiras para abortar a agenda do governo que visa a atender aos anseios da sociedade como um todo e não de uma minoria”.
A inflação deve desacelerar no último trimestre do ano, segundo as projeções do Ipea, como resultado do desaquecimento da economia interna, motivada por políticas mais austeras, tanto monetárias quanto fiscais, além de reajustes menores dos salários e do nível da taxa de câmbio.
Ainda segundo o estudo, o saldo da balança comercial será menor que o de 2010. A previsão é de um avanço do déficit em conta-corrente entre US$ 73 bilhões e US$ 603 bilhões este ano. O alto nível de liquidez internacional, com juros mais favoráveis em relação à economia brasileira, vai possibilitar, de acordo com o estudo, um fluxo de capitais estrangeiros capaz de financiar este crescimento.
Em março de 2011, a balança comercial apresentou resultado de US$ 1,55 bilhão, montante 131% superior ao superávit do mesmo mês de 2010, porém 9,9% inferior ao resultado de fevereiro. Já a taxa de câmbio deve permanecer baixa.
A Carta de Conjuntura é uma publicação trimestral que acompanha a conjuntura econômica brasileira por meio de seus principais indicadores. A publicação traz dados, estimativas e análises sobre o nível de atividade econômica (demanda, oferta, produção industrial e comércio), emprego, inflação, setor externo (balança comercial, balanço de pagamentos), crédito e mercado financeiro (política monetária e taxas de juro, mercados de capitais e de crédito) e finanças públicas.
Edição: Lana Cristina