Presidente da Contec diz que escalada da Selic pode estagnar a economia

25/02/2011 - 20h07

Stênio Ribeiro

Repórter da Agência Brasil

 

Brasília – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reunirá na semana que vem para definir a “dosagem” de aumento da taxa básica de juros (Selic), esperada pelos analistas financeiros e sinalizada na ata da última reunião do colegiado de diretores do BC, dias 18 e 19 de janeiro.

 

De acordo com o boletim Focus da última segunda-feira (21), resultado de pesquisa com uma centena de analistas de instituições financeiras, na semana passada, a expectativa média é que a Selic atual, de 11,25% ao ano, seja aumentada para 11,75%. Mas há também quem fale em 12%, em razão da persistência inflacionária.

 

Mas, qualquer que seja o reajuste (0,50 ou 0,75 ponto percentual) a ser anunciado na próxima quarta-feira (2), a medida é criticada antecipadamente pelo presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito (Contec), Lourenço Prado.

 

Segundo ele, quanto mais altos os juros, mais atraente fica para o investidor estrangeiro aplicar dólares “baratos, lá fora”, para serem “engordados” aqui. Tanto que a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) externas e o “enxugamento” do compulsório bancário não conseguiram a esperada valorização do dólar em relação ao real.

 

A política de juros altos, de acordo com o dirigente da Contec, é “sob medida para atrair especuladores que ajudam o governo a sustentar a imensa dívida pública”. O resultado, acredita ele, será o “estrangulamento da economia”, com suspensão dos investimentos produtivos, volta do desemprego e estagnação das atividades geradoras de riqueza.

 

Também contrário à escalada dos juros, o professor de economia das Faculdades Integradas Rio Branco, Carlos Stempniewski, diz que sente uma “frustração profunda” sempre que o Copom eleva a taxa Selic, porque o Brasil acaba tendo que pagar mais juros para a banca financeira internacional.

 

Ele estima que o país vai pagar, neste ano, em torno de R$ 200 bilhões com os juros da dívida. Como esse dinheiro vem dos impostos, significa menos saúde, menos educação, menos inserção social, menos investimento no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e por aí vai. “Para completar, os juros do crediário em geral também ficam maiores”, lamentou.

 

Edição: João Carlos Rodrigues