Em meio à destruição, comerciantes de São José do Vale do Rio Preto tentam se reerguer

20/01/2011 - 18h37

Ivan Richard

Enviado Especial

 

São José do Vale do Rio Preto (RJ) – Casas destruídas à margem do Rio Preto, encostas da serra arrastadas por avalanches, pista cheia de rachaduras e buracos, seis pontes arrastadas pela água e postes caídos no chão. Este é o cenário que se estende pelos 27 quilômetros da Estrada Silveira da Motta, a principal via de São José do Vale do Rio Preto - um dos municípios da região serrana do Rio de Janeiro castigados por temporais e deslizamentos de terra na semana passada. “Às vezes, quando caio na realidade, dá vontade de parar com tudo. Mas penso que Deus deve ter um plano pra gente”, disse o comerciante Silas Gonçalves de Almeida, olhos cheios de lágrimas, enquanto tentava reerguer o que sobrou de seu negócio.

 

A reconstrução das ruas e o atendimento aos desabrigados em São José do Vale do Rio Peto deve durar de seis meses a um ano, segundo a prefeitura do município. Estimativas preliminares da administração municipal apontam que serão necessários mais de R$ 40 milhões para recuperação total dos estragos causados pela enxurrada.

 

Passados oito dias da tragédia que causou uma morte na cidade e deixou 2.064 desabrigados e desalojados, o trabalho de retirada da lama e a limpeza das casa ainda é intenso. Pelas ruas do município, o cheiro forte de material orgânico em decomposição deixa o ar insuportável. Por causa da poeira, quase todos usam máscaras. Apesar do restabelecimento de energia e de comunicação por meio do telefone fixo, 20% dos bairros ainda estão sem luz e os celulares, sem sinal.

 

De bermuda, sem camisa e com uma enxada na mão, Silas Gonçalves de Almeida trabalhava para retirar toneladas de lama do seu negócio, sem a certeza de que poderá continuar ganhando a vida no local. “Também perdi minha casinha e agora não tenho nada. É um sentimento inexplicável.”

 

O comerciante Zacarias Mendes viu a água chegar ao teto de sua loja de confecções e bomboniêre. Ela calcula em cerca de R$ 650 mil o prejuízo com as mercadorias perdidas e os reparos no prédio. “Tenho fornecedores para pagar. Tenho compromissos em cheques pré-datados. Tenho que voltar a trabalhar”, disse, enquanto limpava o estabelecimento. “Vou honrar meus contratos, mas preciso de ajuda.”

 

Dono de um posto de gasolina, José Carlos Rocha ainda não consegui religar os equipamentos. Ele disse que necessitará de R$ 500 mil para comprar novas bombas e reconstruir o que foi danificado pela chuva.

 

De acordo com o secretário municipal de Comunicação, Fábio Bruno Portugal, a maior necessidade de São José do Vale do Rio Preto no momento é material de limpeza - detergente, cloro, rodos, vassouras, luvas e botas. A população da cidade também precisa de lençóis, cobertores, colchões e toalhas para os desabrigados. A prefeitura abriu uma conta no Banco do Brasil para receber doações. Os depósitos podem ser feito na conta 77000-0, agência 0080-9.

 

Edição: João Carlos Rodrigues