Moradores de distrito de Teresópolis se unem contra saques

16/01/2011 - 12h13

Vitor Abdala

Enviado Especial

 

Teresópolis (RJ) - Em meio a ameaças e tentativas de roubo, moradores de Cruzeiro, distrito afastado do centro de Teresópolis, uniram-se para evitar saques. Desde o temporal que castigou a região serrana fluminense, na última quarta-feira (12), todas as noites, grupos de 20 a 30 homens se armam com pedaços de pau e ferramentas para proteger o patrimônio que não foi destruído pela chuva.

 

Segundo os moradores, logo na primeira noite, um grupo de motoqueiros, acompanhados de um caminhão baú, tentou saquear casas e lojas da pequena localidade. Desde então, eles se revezam para proteger o local.

 

“A gente se reuniu e disse: 'se a gente sair daqui da rua, vai todo mundo voltar para tentar saquear'”, disse Natanael Lucas Cardoso, 52 anos, que mora há 42 anos na comunidade de Cruzeiro.

 

O acesso à área continua difícil, já que muitas barreiras deslizaram, bloqueando parcialmente a estrada. Os moradores estão sem água e luz desde o temporal. E o cenário é de muita devastação.

 

Com as chuvas, o pequeno córrego Santa Rita se transformou num rio caudaloso que saiu destruindo casas, além do armazém, padaria e o prédio da associação de moradores. Algumas casas foram quase completamente cobertas pela enxurrada.

 

Em uma moradia de dois andares, às margens do rio, é possível ver a marca do barro até o telhado. “Fui nascido e criado aqui. Essa é a primeira vez que vejo um desastre deste aqui”, afirmou Alessandro de Oliveira, 33 anos.

 

O rio também destruiu a casa de Antônio Carlos Vidal, 43 anos, e a de suas três irmãs. “Perdemos a casa e tudo que tínhamos. Quando veio a enchente, só deu tempo para sair de casa. Agora, estou na casa da minha prima”, disse Vidal, que morava com a mulher e a filha na casa destruída.

 

No sítio do bancário Sérgio de Paula, 54 anos, as águas do rio destruíram o pomar, a horta e uma casa anexa à residência principal, que, por sua vez, foi inundada pelas águas. Morador da cidade do Rio, Sérgio disse que o desastre não o fez desistir da ideia de se mudar permanentemente para o sítio depois que se aposentar, no fim do ano. “O que aconteceu aqui não vai acontecer de novo. A vida continua.”

 

Márcio de Carvalho, 28 anos, morava na casa anexa do sítio, destruída pela correnteza do rio. Ele estava no local na hora da enxurrada. “Ouvi um barulhão. Quando abri a porta para ver, a água já estava invadindo tudo. Consegui sair com a água pelo pescoço. Perdemos tudo, mas não perdemos a vida.”

 

Edição: João Carlos Rodrigues