José Sócrates se reúne com Dilma, mas evita tratar de títulos da dívida portuguesa

02/01/2011 - 12h19

Luciana Lima e Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Na reunião que teve hoje (2) com a presidenta Dilma Rousseff, o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, evitou falar sobre a proposta feita por Portugal de vender ao Brasil títulos da dívida pública portuguesa. A oferta foi feita no início de dezembro em uma reunião do ministro das Finanças do país europeu, Fernando Teixeira dos Santos, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Após o encontro, Mantega descartou o interesse do Brasil pelos papéis.

“Não conversamos em detalhes sobre isso. Isso competirá certamente às autoridades financeiras do Brasil. A dívida soberana portuguesa está no mercado e, aliás, é um bom investimento que eu recomendo”, disse José Sócrates, que classificou o encontro mais como uma “visita de cortesia”.

Portugal enfrenta desde a segunda metade de 2010 um aprofundamento de sua crise econômica, assunto que o primeiro-ministro evitou comentar na saída da reunião com Dilma. Para José Sócrates, intensificar as relações com o Brasil tem um valor estratégico.

“Nesses últimos anos, o mundo mudou muito em várias dimensões. Essas mudanças foram muito significativas. Uma delas é da maior importância para Portugal. A afirmação do Brasil tanto em nível político quanto em nível econômico”, considerou. “É por isso que para Portugal se a relação com o Brasil já era uma prioridade, transformou-se em uma prioridade ainda maior”, completou.

José Sócrates informou que pretende incentivar parcerias entre empresas portuguesas e brasileiras, como as já em curso entre a Petrobras e as empresas de energia portuguesas Galp e EDP. Em maio de 2010, a Petrobras firmou parceria para a produção de biodiesel em Portugal. A estatal brasileira também assinou com o governo português um acordo que definem a exploração de hidrocarbonetos em águas profundas na Bacia do Alentejo.

O primeiro-ministro português procurou enfatizar que o Brasil tem em Portugal uma “porta” para a Europa e que a presidenta Dilma pode contar com o apoio de seu governo para que o Brasil tenha assento nos conselhos internacionais.
 

Edição: Talita Cavalcante