Varejo de São Paulo deve crescer 7% este ano, mas setor prevê dificuldades em 2011

08/12/2010 - 16h04

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O varejo nas 32 cidades que compõem a região metropolitana de São Paulo deve crescer 4% em 2011, de acordo com as projeções da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), divulgada hoje (8) na capital paulista. Em todo o país, as vendas do comércio varejista devem ter elevação de 6%. Os percentuais são bem menores do que os projetados pelo setor para este ano.

As expectativas dios empresários foram divididas em dois cenários. Na previsão otimista, o crescimento do varejo no ano que vem deve ficar em 7% em São Paulo e em 8% no Brasil. Na previsão pessimista, crescimento de 1% e 3%, respectivamente.

Segundo os dados da Fecomercio, 2010 deve fechar com crescimento de 7% para o varejo em São Paulo e de 10% em todo o país. No cenário otimista, elevação de 9% e 12%, respectivamente para São Paulo e Brasil. Já no cenário pessimista, a Fecomercio prevê alta de 4% em São Paulo e de 8% para o Brasil. Em 2009 o varejo na maior região metropolitana do país registrou aumento de 3%, enquanto no Brasil o crescimento foi de 9%.

O diretor executivo da Fecomercio-SP, Antônio Carlos Borges, afirmou que o crescimento de 2010 se deve ao otimismo do consumidor, que está se mantendo confiante e deve posicionar o setor de eletroeletrônicos no topo do faturamento em dezembro. “O crédito cresceu, os prazos de venda se dilataram, o que justifica o comportamento de [bens] duráveis. O consumidor tem intenção de consumo crescente, resultado da conjuntura que estamos vivendo”.

Borges disse que as perspectivas para 2011 são de crescimento menor por causa de alguns problemas, como a conjuntura econômica internacional, que continua instável, a postura do governo quanto à necessidade de restrição da oferta de crédito e a estimativa de aumento dos juros básicos. “Os juros crescendo com menos crédito significa que os juros, na ponta, também vão crescer. Certamente os consumidores se retrairão”.

O diretor da Fecomercio-SP ressaltou que o momento que o governo está lançando medidas de contenção do consumo é inadequado. “Isso está sendo feito em final de governo para facilitar a vida do futuro governo, mas em um momento extremamente complicado porque você mexe na política monetária, imaginando que os três meses do próximo ano serão bons, e não serão. É o momento de vendas mais baixo do ano”.

Segundo ele, a redução do crédito somada ao componente sazonal de queda nas vendas nos três primeiros meses do ano são uma receita perfeita para redução do crescimento do setor primeiro trimestre, que pode contaminar o restante do ano. “A partir de um primeiro trimestre difícil, todo o ano pode ser comprometido. Isso é o que está nos mantendo cautelosos”. Ele disse ainda que há previsão de aumento da inflação, mas, quando cair a demanda de bens, principalmente duráveis, os preços devem ficar mais acessíveis.

A inadimplência, para a Fecomercio-SP, continua em patamar aceitável, mesmo com um número grande de endividados e de contas em atraso. Borges explicou que a inadimplência é uma variável que muda em um espaço muito curto de tempo. “Se, eventualmente, o nível de atividade no próximo ano cair e o desemprego crescer, as pessoas começam a se conter e alguns perdem a capacidade de pagar. Se a inadimplência aumenta, a situação das empresas também se complica e aí começa um processo multiplicador”.

Edição: Vinicius Doria