Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), Manuel Enriquez Garcia, considerou acertadas as medidas adotadas hoje (3) pelo Banco Central (BC) para conter a rápida expansão do nível de crédito e o aumento da inflação no país. No entanto, segundo o professor, a ação do BC foi tardia.
“A medida é correta do ponto de vista do controle da inflação. Talvez devesse ter sido tomada não agora, em dezembro, mas talvez ao final de outubro. De qualquer maneira, está correta do ponto de vista teórico”, disse. “Muita gente financiou as compras ao longo de novembro, saiu a metade do décimo terceiro [salário], já deu entrada, e financiou o resto”, completou.
De acordo com Garcia, a medida do governo foi motivada pelo o alto volume de crédito no país que, nos últimos meses, se espalhou por todos os setores da economia, especialmente no financiamento de veículos, de bens duráveis e no setor da construção civil.
“O nível é muito elevado [de endividamento]. Creio que o medo de que a inadimplência possa levar bancos, principalmente os pequenos, a terem dificuldades, como os problemas do PanAmericano, levou o governo a mexer nos compulsórios, para diminuir a capacidade de empréstimos”, ressaltou. Para o professor, as medidas precisarão de algum tempo para ter efeito. “Se ela tivesse sido tomada, digamos, há um mês, já teria pego, teria dado um corte já em novembro”, afirmou.
O BC anunciou hoje o aumento do requerimento de capital das instituições financeiras dos atuais 11% para 16,5%, para a maioria das operações de crédito a pessoas físicas. Também foi anunciado o aumento de alíquotas de depósitos compulsórios, recursos que os bancos são obrigados a deixar no BC, e assim não podem usar os recursos para emprestar aos clientes.
Edição: Aécio Amado