Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Na avaliação da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) a decisão do Banco Central (BC) de restringir o crédito por meio da redução da liquidez do mercado não é boa para o comércio e muito menos para a indústria como um todo.
O presidente do Conselho Empresarial da ACRJ, Aldo Gonçalves, em entrevista à Agência Brasil, disse que o governo, ao decidir pela restrição ao crédito, promove a diminuição do consumo, a queda da produção e, consequentemente, o aumento do desemprego – o que é ruim para a economia do país como um todo.
“Basta lembrar que o Brasil, por ocasião da grande crise econômica de 2009, que teve o epicentro nos Estados Unidos, sentiu um impacto muito pequeno no mercado interno exatamente em decorrência do aumento do crédito e da redução de impostos em alguns setores da economia”, disse o economista.
Para Gonçalves, que também é presidente do Sindicato dos Lojistas do Rio (Sindiloja), as medidas anunciadas pelo BC vão exatamente no sentido contrário ao que fez o governo durante a crise. “Se o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a sair da crise financeira internacional, isto ocorreu exatamente em razão da resposta do varejo brasileiro, que deu, por meio do consumo das famílias, uma resposta boa à própria recomendação do governo para que se gastasse mais”.
Para ele, a restrição ao crédito não é o remédio adequado para conter a inflação. “Então eu não as vejo como medidas interessantes nem para o comércio e muito menos para a economia nacional”.
Para a ACRJ, as medidas do Banco Central não atrapalharão as vendas de fim de ano, uma vez que o comércio e a indústria já estão com suas compras fechadas e o consumidor já está propenso a gastar. “Em minha opinião essas medidas deverão levar de três a seis meses para influir no comportamento do varejo. Dezembro já é um mês decidido e as vendas estão a pleno vapor”, disse.
“As vendas do varejo cresceram 13% em outubro, em relação a outubro de 2009, e deveremos fechar o ano com expansão no comércio da ordem de 15% em 2010 ante a 2009. E isto acontece apesar de termos tido dois complicadores ao longo do ano que foram a eliminação do Brasil prematuramente da Copa da África e as eleições – que polarizaram a população e tiraram o foco do consumo”, completou Gonçalves.
Edição: Aécio Amado