Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A 15ª Parada do Orgulho Gay do Rio de Janeiro tem este ano entre as principais bandeiras a aprovação pelo Congresso do Projeto de Lei 122/2006, que criminaliza a homofobia. Nem a chuva fina que caiu durante a tarde de hoje (14) afastou a multidão que desfilou ao som de 13 trios elétricos na Praia de Copacabana.
Fundador da Parada do Orgulho Gay, o superintendente de Direitos Individuais e Coletivos do governo do Rio de Janeiro, Claudio Nascimento, ressaltou que são necessários mais avanços legislativos para consolidar a luta contra a discriminação de gênero no país.
“É preciso avançar agora e transformar essa visibilidade que conquistamos em vitórias nos direitos civis. É fundamental a aprovação da lei para tornar crime a prática de discriminação contra homossexuais e também o reconhecimento da união civil entre pessoas do mesmo sexo.”
Uma questão que continua preocupando é a violência contra pessoas por questão de gênero, segundo Nascimento.
“Um homossexual morre assassinado por dia no Brasil. De julho até agora, mais de 1,5 mil homossexuais sofreram discriminação, segundo os dados registrados no Disque Cidadania Homossexual [0800 023 4567].”
Apesar das dificuldades, ele reconhece que houve avanços nas lutas da comunidade lésbicas, gays, bissexuais e travestis (LGBT) nos últimos anos.
“Quinze anos atrás a gente sequer era recebido em uma delegacia de polícia nem tinha esse tema debatido nos governos e nos legislativos. Hoje o assunto é parte da agenda pública brasileira, mostrando que a comunidade gay, de lésbicas e travestis conquistou um espaço concreto de debates.”
O retrocesso nos debates políticos da última campanha eleitoral, em relação à discriminação contra união de pessoas do mesmo sexo, foi criticado pelo presidente do Grupo Arco-Íris, Julio Moreira.
“A campanha eleitoral sofreu pressões muito grandes de setores conservadores ligados a algumas religiões, o que é muito perigoso, pois vai contra a laicidade do estado.”
Moreira afirmou que são esperadas conquistas definitivas para o governo da presidenta eleita, Dilma Rousseff.
“Com certeza avançamos muito nas políticas públicas, mas estamos ainda muito distantes de conseguir uma igualdade de direitos no Brasil. A gente precisa trabalhar com a sociedade para que ela possa acolher a todos, independentemente de sua raça, credo e sexualidade. As duas bandeiras-chave são a união civil e a criminalização da homofobia. A gente não admite ficar mais quatro anos sem essas reivindicações garantidas.”
Edição: Lílian Beraldo