Da Agência Brasil
Brasília - Morto aos 60 anos na manhã de hoje (27) na cidade de El Calafate (Argentina), o ex-presidente argentino Néstor Kirchner nasceu em Rio Gallegos, capital da província de Santa Cruz. Ainda muito jovem, filiou-se à Juventude Peronista, onde começou sua carreira política. Casou-se com Cristina Kirchner, atual presidente da Argentina, em 1975. Juntos, tiveram participação ativa na corrente política de esquerda que, nos turbulentos anos da ditadura militar, acabou derrubando a então presidente Maria Estela Martinez de Perón.
O nome de Kirchner passou a ser nacionalmente conhecido na Argentina quando foi eleito intendente de sua cidade natal, cargo equivalente ao de prefeito, em 1987. Na mesma época, o Partido Justicialista indicou-o para o governo da província de Santa Cruz, cargo para o qual foi eleito em 1991.
Em 2003, Néstor Kirchner concorreu à Presidência da República como candidato indicado do então presidente Eduardo Duhalde. Kirchner concorreu ao cargo com Carlos Menem e Alberto Rodríguez Saá. No segundo turno da eleição presidencial, Menem retirou sua candidatura e Kirchner acabou eleito.
Antes de assumir o governo da Argentina, Néstor Kirchner visitou Brasília e Santiago do Chile, onde se encontrou com os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Ricardo Lagos. Durante as visitas, Kirchner propôs a recuperação econômica do continente sulamericano tendo como base uma política de centro-esquerda. Em seu discurso de posse, Kirchner reafirmou o papel central do Estado na formulação das políticas de desenvolvimento econômico e prometeu uma "luta implacável" contra a corrupção.
Além disso, voltou sua atenção ao Mercado Comum do Sul. Em seus primeiros meses no governo, surpreendeu os argentinos ao decretar a demissão de metade dos generais e almirantes do país, e promover uma "limpeza” na polícia argentina. Ficou a seu cargo a renegociação de uma dívida pública de US$ 145 bilhões e o combate à pobreza que afetava 60% dos 37 milhões de argentinos.
Durante a administração de Néstor Kirchner, a Argentina voltou a crescer a partir de várias renegociações das dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Dados oficiais informam que neste período o índice de pobreza e de desemprego tiveram queda substancial. O governo de Néstor Kirchner centralizou ações na defesa dos direitos humanos, que acabaram levando a julgamento público vários integrantes da ditadura argentina e a posterior condenação de vários deles.
Analistas políticos consideram que Néstor Kirchner era o verdadeiro suporte ao governo de sua esposa Cristina. Nos últimos anos, denúncias de corrupção contra o Casal K, como eram conhecidos, foram apresentadas em diversos momentos de turbulência política na Argentina, mas nenhuma delas chegou a ser comprovada. Mesmo sem confirmar publicamente, Néstor Kirchner era virtual candidato ao governo da Argentina nas eleições presidenciais que serão realizadas no ano que vem.
Edição: Lílian Beraldo