Da Agência Brasil
Brasília - Dois espanhóis acusados de integrar o grupo separatista basco ETA admitiram ter recebido treinamento em campos na Venezuela. A informação foi divulgada ontem (4) pela promotoria espanhola com base em documentos. O juiz Ismael Moreno disse que Juan Carlos Besance e Xabier Atristain ficaram na Venezuela em 2008 – de julho a agosto - para fazer um curso sobre armamentos. Eles foram preso no dia 29 de setembro no País Basco, no Norte da Espanha.
O Ministério dos Assuntos Exteriores da Espanha pediu ao governo da Venezuela mais informações sobre o possível treinamento. Emissários de Chávez negaram as acusações. O embaixador venezuelano em Madri, Julián Isaías Rodríguez, disse que seu governo não está vinculado “nem ao ETA, nem a nenhuma organização terrorista”. Para ele, as declarações dos membros do ETA à Justiça espanhola “não têm credibilidade”.
As informações são da agência BBC Brasil. Se confirmada, esta será a primeira admissão por parte dos separatistas sobre a utilização da Venezuela como local de treinamento. Até então, todos os indícios se baseavam em documentos confiscados do grupo na França e em dados retirados do computador de Raúl Reyes, ex-líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), morto em 2008.
As acusações vêm à tona seis meses depois de vários juízes espanhóis terem acusado o governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de auxiliar os rebeldes do ETA, abrindo uma crise diplomática entre os dois países. De acordo com a imprensa espanhola, Besance e Atristain foram recebidos em território venezuelano por Arturo Cubillas Fontán, um funcionário do governo local que é considerado o responsável pelo grupo separatista no país.
Fontán é diretor adjunto do escritório administrativo do Ministério da Agricultura e Terras da Venezuela desde 2005. Em março, o venezuelano foi processado na Espanha por ser o intermediário entre o ETA e o governo do presidente Hugo Chávez. Ele também é procurado por porte de armas e explosivos.
O Sul da França foi considerado, durante décadas, o principal refúgio dos separatistas bascos. No entanto, operações antiterrorista realizadas em conjunto entre os governos francês e espanhol obrigaram o grupo a procurar outros locais para se esconder.
Edição: Graça Adjuto