Pedro Peduzzi
Enviado Especial da Agência Brasil
Belém (PA) – Não há tempo hábil para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Pará comunicar as zonas eleitorais mais remotas sobre a dispensa da apresentação do título de eleitor. Diante do problema, o presidente do TRE-PA, desembargador João José da Silva Maroja, manifestou, à Agência Brasil, descontentamento com a forma como a questão foi conduzida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A corte suprema foi criticada também por não ter concluído a decisão sobre o ficha limpa.
“O Pará possui uma logística diferenciada do resto do país, e isso pode complicar o processo eleitoral porque há localidades onde será impossível comunicar sobre a decisão do STF de dispensar a apresentação do título eleitoral”, disse hoje (1) o desembargador à Agência Brasil.“Mas você sabe, decisão judicial é para cumprir. Queira ou não; goste ou não”, ponderou.
É o caso da zona eleitoral de Castelo dos Sonhos, em Altamira. “Para chegar lá são necessários três dias de navegação. Ou seja: não há mais tempo hábil para informá-los sobre a alteração”, acrescentou Maroja. “Além disso, há áreas onde sequer existe energia elétrica ou televisores. Rádio, só se for à pilha”.
A demora em decidir que não é necessário apresentar o título para votar, segundo o desembargador, mostra que “o STF não está vendo a dificuldade que o povo teve, encarou filas quilométricas sem necessidade”. Ele explica que em menos oito 8 dias foram emitidas mais de 20 mil segundas vias do documento.
Ele criticou também a falta de decisão da corte suprema em relação ao ficha limpa. “Podia dar tudo. Menos o empate. Agora criou-se uma situação [indesejada] que nos impede de divulgar os votos para as candidaturas que estão sub júdice. Isso só poderá ser feito após a manifestação final do STF”.
Apesar das dificuldades apontadas, o desembargador garantiu que os trabalhos de apuração serão finalizados até, no máximo, a meia-noite de domingo.
Edição: Rivadavia Severo