Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) informou hoje (1º) que o orgão está tomando as providências necessárias para que madeireiros que ocupam parte da reserva legal do assentamento Rio Cururuí, no município de Pacajá (PA), saiam da área. Segundo o Incra, foi pedida a reintegração de posse da área invadida pelos madeireiros, mas a Justiça ainda não se pronunciou sobre o caso.
O Incra informou também que, oficialmente, foram três pessoas mortas nos últimos dias por causa dos conflitos motivados pela exploração de madeira na região e não 13, como foi informado pela Comissão Patoral da Terra (CPT).
Segundo a CPT, de 17 a 19 de setembro, 13 trabalhadores do assentamento Rio Cururuí, foram assassinados por causa de conflitos relacionados aos interesses de madeireiras. O assentamento foi criado pelo Incra em terras da União e implantado em 2005. Essa área era cobiçada pelas madeireiras.
Em maio de 2007, a imprensa noticiou que pistoleiros ligados a madeireiros expulsaram dezenas de famílias da área. As que voltaram à mesma área viviam dominadas pelo medo de novamente serem agredidas.
Desde 2008, as CPTs de Anapu e de Tucuruí (municípios paraenses) vêm recebendo denúncias de que um grupo de 70 famílias começou a ser pressionado pelo Incra e pelos dirigentes do assentamento, ligado à Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetraf), a deixarem a área na qual haviam sido colocados pelo Incra sob a alegação de ocuparem a área de reserva legal do assentamento.
A reserva legal está sendo explorada por madeireiros e há suspeitas de que eles não têm a autorização para fazer o manejo florestal. Em junho deste ano, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e policiais da Delegacia de Conflitos Agrários do Pará (Deca) apreenderam 1,4 mil metros cúbicos de madeira retirados ilegalmente da área.
As denúncias feitas pelos assentados à Ouvidora Agrária Nacional do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) chegaram ao conhecimento dos que estavam sendo denunciados, o que desencadeou o conflito entre os madeireiros e os assentados.
Edição: Lana Cristina