EPE descarta risco de racionamento de energia, apesar da seca e do alto consumo

27/09/2010 - 20h44

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O país não corre risco de racionamento de energia, apesar do aumento progressivo do consumo e da seca que está provocando a redução do nível dos reservatórios das hidrelétricas. A garantia é do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. Ele comentou hoje (27) os números divulgados (27) na resenha mensal da EPE, edição de agosto, que apontou um aumento de 7,1% no consumo de energia no país, contra igual período de 2009, com destaque para a indústria, que registrou alta de 9,5%.

“Graças aos investimentos que foram feitos na expansão do setor elétrico, temos hoje uma situação de total tranquilidade. Mesmo com essas fortes taxas de crescimento da demanda e o fato de estarmos passando por uma seca no país, com os reservatórios no nível mais baixo, a situação é de tranquilidade neste ano e no ano que vem”, afirmou Tolmasquim.

Segundo ele, com a expansão já contratada e garantida, o Brasil tem condições de crescer 7% ao ano até 2014. “A partir daí, temos o suprimento de energia garantido graças à entrada [em operação] das usinas hidrelétricas leiloadas, como Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, e Belo Monte, no Rio Xingu. Já contratamos o equivalente a 71% da capacidade de geração necessária para os próximos 10 anos”, assegurou.

O presidente da EPE creditou a maior parte do crescimento à indústria, com destaque para o setor de exportação. De janeiro a agosto de 2010 as indústrias voltadas para as vendas externas elevaram o consumo em 19% (na comparação com igual período de 2009). “Em 2009, o setor voltado ao mercado exterior teve uma forte queda devido à crise internacional e à redução das importações dos países desenvolvidos. Em 2010, os setores metalúrgico, extrativo-mineral e químico vêm puxando o consumo de energia elétrica”.

Tolmasquim disse que o ritmo de crescimento do país também estará garantido pelo aumento da participação da energia nuclear na matriz energética, com a conclusão da Usina de Angra 3 e a entrada em operação de mais quatro usinas até 2030. Os estudo preliminares dos sítios onde as plantas de geração nuclear serão instaladas devem ser divulgados pela Eletronuclear e pela EPE até o fim do ano, com mapeamento completo em 2011. Segundo Tolmasquim, além do Brasil, apenas Estados Unidos e Rússia têm urânio e capacidade de enriquecimento. O plano, segundo ele, é construir uma usina nuclear a cada cinco anos.

Edição: Vinicius Doria