Vinicius Konchinski
Enviado especial
Joanesburgo – Os holandeses foram um dos grandes responsáveis pela colonização da África do Sul e seus descendentes, pela implantação do regime do apartheid no país. A opressão imposta pelo boêres - como eram tratados os imigrantes vindos da Holanda - é parte da história recente sul-africana.
Hoje (6), centenas de negros sul-africanos se reuniram no centro de Joanesburgo para assistir e comemorar a classificação do time holandês para a final da Copa do Mundo. Reunidos em frente a um telão, as antigas vítimas do regime de segregação racial torceram durante todo o jogo e festejaram a vitória da Holanda por 3 a 2 sobre a seleção do Uruguai.
Todos esqueceram antigas rivalidades e basearam-se no futebol para escolher o time favorito depois da eliminação dos representantes africanos no Mundial. “Holanda é a melhor”, resumiu Shadrach Kosi, negro e sul-africano.
Para ele, as lembranças do apartheid fazem parte da história e, na Copa do Mundo, o que interessa é que time joga melhor. “Claro que me lembro do apartheid”, disse. “Porém, a Copa do Mundo não tem nada a ver com isso. Isso já passou.”
Bongant Mangaw, que também torceu pela Holanda, ratifica a superação do passado de discriminação. “Acabou”, disse ele, sobre as antigas desavenças entre os negros e os chamados boêres.
“Eu gosto da Holanda como país e como time”, afirmou. “Todos os africanos estão fora. Eu vou torcer para a Holanda ser a campeã desta Copa.”
Edição: Aécio Amado