Expectativa de redução de crescimento afeta clima econômico na América Latina, segundo pesquisadora

19/05/2010 - 15h37

Isabela Vieira

Repórter da Agência Brasil

 

Rio de Janeiro- A possibilidade de redução do ritmo de crescimento na América Latina, em razão do aumento das taxas de juros para conter o consumo, pode ter influenciado na queda de um dos indicadores que compõem o Índice de Clima Econômico (ICE) da região, que ficou estável entre janeiro e abril, em 5,6 pontos.

 

Na última avaliação do ICE, realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e pelo instituto alemão Ifo, divulgada hoje (19), o Índice de Expectativas (IE) da região caiu de 7,1 pontos em janeiro para 6,4 pontos em abril. Ao mesmo tempo, subiu o Índice de Situação Atual, passando de 4 para 4,7 pontos - o maior desde julho de 2008 (5,7).

 

“O índice foi o mesmo de janeiro, mas houve mudança na composição”, destacou a pesquisadora da FGV Lia Valls. “A América Latina continua numa fase de recuperação em relação à crise financeira. Por isso, a queda do índice de expectativa pode estar sendo influenciado por uma ideia de que a inflação está pressionando e de que os governos podem adotar medidas de retração de demanda e redução de liquidez.”

 

A queda do IE se refletiu na redução do Índice de Clima Econômico na Argentina, no Brasil, Chile, Equador e na Venezuela. Segundo a pesquisa, no Chile, a piora das avaliações foi registrada no indicador que mede a situação atual e pode ter sido influenciada pelo terremoto, no início do ano.

 

No Brasil, apenas as expectativas registram queda e o Índice de Situação Atual é o maior desde o início da série (1989), repetindo o resultado julho de 2007, quando a taxa foi de 8,1. “O Brasil continua bem, em uma fase de boom. Nosso ISA chegou próximo do topo (9 pontos), embora tenha caído um pouco o IE”, ressaltou Lia.

 

“A expectativa para os investimentos no país melhorou e o consumo privado teve uma certa piora, um índice menor. Não se espera que o consumo continue bombando como antes”, acrescentou ela, ao explicar que esses atores influenciaram na redução das expectativas.“Não significa que estamos em situação pior.”

 

Na América Latina, a FGV registrou também aumento do Índice Clima Econômico na Bolívia, Colômbia, México e no Peru e Uruguai. Com exceção do México, todos os demais países estão na fase de boom (quando o ISA e o IE estão acima de 5).

 

Edição: João Carlos Rodrigues