Presidente de Honduras participa apenas do último dia da Cúpula de Madri

18/05/2010 - 17h03

Luiz Antônio Alves
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente de Honduras, Porfírio Lobo, viajou hoje (18) para Madri, onde participará amanhã (19) da 6ª Cúpula União Europeia, América Latina e Caribe. Ele assistirá à assinatura oficial do acordo de associação entre a União Europeia e a América Central e também terá encontro privado com o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero. Amanhã à tarde, segundo informações publicadas pelo site oficial do governo de Honduras, Lobo participará da sessão plenária de encerramento da cúpula.

O presidente hondurenho deveria ter participado da cúpula desde ontem. No entanto, a notícia de que ele fora convidado por Zapatero provocou profundo mal-estar entre a maioria dos presidentes e chefes de Estado que, no dia 4 de maio, estiveram reunidos em Buenos Aires, capital argentina, para o encontro da União das Nações Sul-americanas (Unasul).

O presidente do Equador, Rafael Correa, falando em nome dos demais presidentes, afirmou que a presença de Lobo na Cúpula de Madri não era bem-vinda, já que muitos países sul-americanos e caribenhos não reconhecem a legitimidade do governo dele.

Lobo assumiu o governo hondurenho no dia 27 de janeiro deste ano com o desafio de unir um país dividido desde que o presidente Manuel Zelaya foi retirado do governo, em junho, por decisão da Justiça e do Congresso hondurenhos. Zelaya teria cometido "grave crime" por ter convocado a assembléia constituinte para reformar uma cláusula constitucional que permitiria sua reeleição ao cargo, desafiando determinação judicial. A assembleia não foi realizada. Zelaya acabou retirado de casa por um grupo de militares e levado até a Costa Rica.

Desde então, vários governos, entre eles o Brasil, consideram que Zelaya foi deposto por um golpe de Estado. Substituído no poder pelo presidente do Congresso hondurenho, Roberto Michelleti - que em seguida entregou o cargo a Porfírio Lobo, após eleição com voto direto.

Zelaya vem percorrendo o subcontinente sul-americano para propor um plano de reconciliação nacional em Honduras. O plano, já apresentado no Equador e na Nicarágua, teria o objetivo de permitir que o ex-presidente retornasse a Honduras de posse de todos os seus direitos políticos, sem correr o risco de ser preso.

Avisado sobre o constrangimento que sua presença provocaria entre os participantes da Cúpula de Madri, o presidente Porfírio Lobo aceitou participar apenas do último dia do encontro.
 

 

Edição: Rivadavia Severo