Pesquisa constata necessidade de novas políticas para as APLs

18/05/2010 - 20h11

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A necessidade de formulação de uma segunda geração de políticas voltadas para os Arranjos Produtivos Locais (APLs) foi constatada por uma pesquisa encomendada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e divulgada hoje (18) durante seminário na sede do banco, na capital fluminense. A pesquisa foi realizada por 200 técnicos em 22 estados.

 

O desenvolvimento desse tipo de negócio é prioridade para o BNDES, ressaltou o diretor de Planejamento da instituição, João Carlos Ferraz. “Uma das prioridades que o banco se colocou é de apoiar atividades econômicas com olho no território”. É o caso da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que está sendo desenhada pelo BNDES, e do Porto de Suape, em Pernambuco, informou Ferraz.

Para o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, em mensagem gravada aos participantes do seminário, o objetivo de uma segunda geração de políticas não é somente para prevenir os efeitos negativos desses grandes projetos sobre a região. “O que se quer é ampliar e enraizar o impulso dado por esses projetos por meio de um estímulo a cadeias locais de fornecimentos de bens e serviços que possam, de maneira cada vez mais densa, agregar valor aos processos locais, criando renda, criando atividades sustentáveis e comprometendo as grandes empresas a priorizar o desenvolvimento local”.

Coutinho disse ainda que a atuação do BNDES objetiva atenuar os desequilíbrios intrarregionais, em especial, buscando desconcentrar o desenvolvimento no território. Em todo o Nordeste, já ocorreram iniciativas de editais públicos, onde os estados e o banco entraram com recursos visando a construção ou fortalecimento de APLs de baixa renda, em áreas marginalizadas.

A chefe da Secretaria de Arranjos Produtivos e Inovativos Locais do gabinete da presidência do BNDES, Helena Lastres, disse que a pesquisa amplia o olhar dos agentes de financiamento em APLs de todas as regiões e tipos de atividades. “Incluindo todo tipo de ator, principalmente aqueles que, em geral, são excluídos da agenda, que estavam invisíveis e nenhuma política os alcançava”.

A partir desse retrato elaborado por cientistas econômicos e sociais dos 22 estados, a expectativa é consolidar o conhecimento e fazer um mapa de políticas de segunda geração em APLs. Helena Lastres avaliou que houve avanços significativos nos últimos dez anos no segmento das APLs. Até agora já foram identificados cerca de 1.500 arranjos produtivos no país. “Até a década passada, a gente não tinha quase política”.

Ela considerou que houve uma retomada de políticas de desenvolvimento produtivo e inovativo no Brasil. Outras conquistas foram a inserção de micro e pequenas empresas e regiões mais distantes, bem como ter sido construída a partir de 2003 uma coordenação de trabalho permanente sobre APLs, envolvendo 33 órgãos.

Helena Lastres afirmou que a visão sistêmica pode avançar muito mais do que já foi feito, no sentido de pensar não só na cadeia produtiva, mas para além dos atores econômicos, englobando quem gera conhecimento. “Porque a geração de conhecimento e a produção de bens e serviços com maior valor agregado e maior qualidade é a chave da competitividade sustentável e dinâmica”.

De acordo com ela, a pesquisa procura mostrar o que cada agente de desenvolvimento vê em relação às APLs no Brasil e qual é a visão de conjunto. A meta, explicou, é parar de falar em política pontual, em política unisetorial. “Vamos falar em políticas coordenadas, articuladas em todas as escalas, do federal ao local, passando pelo regional”.

 

Edição: Aécio Amado