Lula negocia questões relativas a direitos humanos de forma discreta, diz assessor

18/05/2010 - 16h23

Renata Giraldi e Carina Dourado*

Repórteres da EBC

 

Brasília e Madri – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva adota uma estratégia discreta em defesa do respeito aos direitos humanos, segundo o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia. O assessor afirmou hoje (18) que as negociações para libertação de prisioneiros, que envolvem este tipo de pendência, deve ser conduzida de forma discreta e que há vários pedidos em curso encaminhados ao governo do Irã.

“Em novembro [do ano passado], começamos outra negociação que caminhou paralelamente com o presidente [da França Nicolas] Sarkozy para a negociação da libertação da [universitária francesa] Clotilde Reiss. Foi em discrição isso. Não houve vazamento”, afirmou Garcia, que participa
da 6ª Cúpula União Europeia, América Latina e Caribe, em Madri.

“A nossa opinião é que os problemas de direitos humanos se resolvem de forma muito mais eficaz quando você faz discretas negociações. O governo não é uma ONG [organização não governamental], não fica dando declarações. O presidente Lula encaminhou outros pedidos ao governo iraniano. Mas que tem que ser discreto”, concluiu Garcia.

O comentário do assessor da Presidência ocorre dois dias depois que Reiss retornou a Paris, após dez meses de detenção no Irã acusada de espionagem. Ela participou de manifestações de protesto contra o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Hoje (18) a Justiça da França concedeu liberdade condicional para o iraniano Ali Vakili Rad – acusado de ser o assassino do ex-primeiro-ministro do Irã Chapour Bakhtiar durante o regime do xá Reza Pahlavi.

Durante a prisão de Reiss, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse que sua libertação estava associada à possibilidade de a Justiça da França libertar dois iranianos. Mas no ano passado, Sarkozy afirmou que “não aceitaria chantagens” e que “não poderia trocar uma jovem estudante inocente pelo assassino do ex-primeiro ministro Bakhtiar”.

Vakili Rad foi condenado à prisão perpétua na França, com a obrigatoriedade de cumprir uma pena mínima de 18 anos de detenção, pelo assassinato, em 1991, de Chapour Bakhtiar, nos arredores de Paris. As informações são da BBC Brasil.
 

 

Edição: Lílian Beraldo