Incêndio em favela de Diadema é controlado e não deixa mortos

18/05/2010 - 20h27

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O incêndio que atingiu hoje (18) a Favela Naval, em Diadema, deixou cerca de 500 pessoas desabrigadas e seis feridas sem gravidade, segundo o capitão Mauricio Moraes de Souza, do Corpo de Bombeiros local. Cinco dessas vítimas tiveram intoxicação por causa da fumaça e uma sofreu queimaduras leves.

O fogo atingiu uma área de 2 mil metros quadrados, onde estavam 100 barracos. O incêndio teve início por volta das 14h30 e já foi controlado pelos Bombeiros, que realizam agora o trabalho de rescaldo para eliminar novos focos de incêndio.

As causas do incêndio ainda não são conhecidas. “Por enquanto estamos trabalhando com hipóteses que geralmente são sempre as mesmas quando temos esse tipo de incêndio em moradias humildes: um curto-circuito em função das diversas instalações elétricas irregulares”, disse o capitão Moraes.

A área foi isolada e os moradores que ficaram desabrigados participaram de um cadastramento feito pela Defesa Civil. Segundo o presidente da Defesa Civil de Diadema Sidnei Gouveia, a maioria dos moradores iria passar a noite em casa de parentes, mas um ginásio também foi destinado para abrigar as demais famílias.

“Já fizemos uma triagem. As famílias já têm disponibilizado um auxílio-moradia para receber um aluguel – entre R$ 300 e R$ 350 – até o atendimento definitivo”, explicou o secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano de Diadema Márcio Vale.

Segundo ele, antes do incêndio, as famílias da Favela Naval já haviam sido cadastradas pela prefeitura para participarem do projeto Parque Naval, de moradias populares.

Enquanto os bombeiros faziam o trabalho de rescaldo, as famílias se juntavam para tentar salvar o restante de seus pertences e para lamentar o ocorrido.

A auxiliar de limpeza Maria José de Lima Araújo estava trabalhando ali perto quando viu as chamas e correu para salvar os filhos e alguns bens. “Quando cheguei só faltava a geladeira e fui puxando de lá de dentro e o fogo foi comendo o resto. Mas graças a Deus estamos com vida”.

A pensionista Edith do Carmo, que mora no local há mais de 50 anos, é mais uma das vítimas do incêndio. “A gente não conseguiu salvar quase nada. Só a vida mesmo”.

Ademir Camilo de Lima, cujo irmão morava em um dos barracos, foi um dos primeiros a ver as chamas. “A fumaça estava muito grande, muito alta. Eu tinha saído para comprar mistura lá em casa, mas quando passei por aqui vi que o fogo estava ainda no primeiro barraco. Aí comecei a ajudar e dei prioridade para os barracos que estavam perto do que estava pegando fogo.

Tiramos as roupas, os documentos, as pessoas. E conseguimos salvar todo mundo”, contou ele, ainda bastante emocionado, lembrando do incêndio ocorrido no mesmo local, em 1979, e que tirou a vida de sua irmã. Lima, que mora a cerca de uma quadra do local, conseguiu também ajudar a salvar móveis e documentos do barraco do irmão.
 

 

Edição: Rivadavia Severo