Dragagem do Canal do Fundão ameniza poluição que afeta a Baía de Guanabara

15/05/2010 - 15h52

Da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A degradação ambiental do Canal do Fundão é preocupante. O canal está assoreado, o que dificulta a navegação pesqueira. O mau cheio é habitual. O problema começou em 1950, quando a região foi aterrada para a criação da Ilha do Fundão, onde hoje funciona a maioria das instalações da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e do Complexo da Maré, que já foi a maior favela sobre palafitas do Rio e hoje está parcialmente urbanizada.

Desde essa época, o risco de doenças nas comunidades da região é permanente, sobretudo nos afluentes do Canal do Cunha, cujas águas desembocam no Canal do Fundão, antes de chegar à Baía de Guanabara. O acúmulo de materiais contaminados, do lixo sólido e do grande volume de esgoto doméstico e industrial contribuem para aumentar os índices de poluição.

As obras no Canal do Fundão, que iniciaram em maio de 2009, integram o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG). O projeto está sendo executado pela construtora Queiroz Galvão, com financiamento da Petrobras, sob responsabilidade da Secretaria Estadual do Ambiente e da Fundação Bio-Rio. O valor do contrato é de R$ 184 milhões, e visa a recuperação ambiental da região com a reurbanização completa do local.

O subsecretário estadual do Ambiente, Antônio da Hora, destaca que já foram dragados cerca de 400 mil metros quadrados (m³) de sedimentos com a retirada de 150 toneladas de resíduos no Canal do Fundão. Uma das dificuldades, segundo o subsecretário, é levar as máquinas para o canal, por causa das pontes e da falta de acessos às margens. Depois de concluído o trabalho de dragagem, da Hora acredita que os benefícios serão sentidos rapidamente pela população local. “Essa região é a foz do Canal do Cunha, que por sua vez é a foz de diversos rios da região. Uma vez que vamos desobstruir a boca de saída deles na Baía de Guanabara, vamos desobstruir o fluxo dos rios e também reduzir a possibilidade de enchentes”, disse.

Instalados em aproximadamente 56.000 m², divididos em duas áreas, os bolsões de desassoreamento do canal irão retirar 200 m³ de material contaminado por mês. Em um dos bolsões, os resíduos retirados do fundo do canal já chegam a 2 metros de altura.

Mas os ambientalistas criticam a dragagem do canal. “Aquilo ali não tem nenhum benefício concreto para as comunidades em volta, não é saneamento básico, não é recuperação de nada, é uma dragagem sem conter o assoreamento. Nós corremos o risco de, daqui a três anos, ter de dragar novamente”, critica o ambientalista Sérgio Ricardo, da organização não governamental Verdejar.

Antônio da Hora contesta o ambientalista. Ele garantiu que a dragagem não é “algo para cinco ou dez anos”. Barreiras ecológicas foram instaladas para conter o lixo que flutua nos rios e, assim, as águas passariam a circular normalmente. “Nossa expectativa é de que a região passe a ter um assoreamento normal de 1 a 3cm por ano. A água que não circula terá seu fluxo normalizado, trazendo benefícios para toda a região”, afirmou da Hora.

Edição: Vinicius Doria